Zé Ramalho da Paraíba, Alceu Valença e Lula Côrtes
Em fevereiro de 1975, Alceu Valença classifica a música Vou Danado pra Catende no Festival Abertura, da TV Globo. Acompanhado de uma banda formada por ninguém menos do que Lula Côrtes (tricórdio), Zé Ramalho da Paraíba (viola), Paulo Rafael e Ivinho (guitarras), Zé da Flauta e outros músicos, - formação que ele definiria como "uma "banda de pífanos elétrica". Alguns desses músicos integravam o extinto grupo Ave Sangria. O júri, não conseguindo enquadrar o trabalho do compositor e o som do grupo, cria uma categoria de última hora – o prêmio "Pesquisa" – para contemplar a composição, na qual Alceu utilizara versos do poema Trem de Alagoas, de Ascenso Ferreira (compositor modernista pernambucano). O álbum Molhado de Suor, primeiro disco solo de Alceu Valença, foi reeditado com a inclusão dessa faixa.
A seguir, três diferentes versões de Vou Danado pra Catende:
1 - Álbum Molhado de Suor (1974-75)
2 - Projeto Pixinguinha 1978: Alceu Valença ao vivo, com Jackson do Pandeiro.
3 - Álbum do Festival Abertura (1975)
Vou Danado Pra Catende
Álbum: Molhado De Suor [1974/1975 Som Livre]
Composição: Ascenso Ferreira / Alceu Valença
Ai, Delminha
Ouça essa carta que eu não escrevi
Por aqui vai tudo bem
Mas eu só penso um dia voltar
Ai, Delminha
Veja a enrascada que eu fui me meter
Por aqui
Tudo corre tão depressa
Se você tropeça não vai levantar
Tudo corre tão depressa
Se você tropeça não vai levantar
Tudo corre tão depressa
As motocicletas se movimentando
Os dedos da moça datilografando
Numa engrenagem de pernas pro ar
...
Eu quero um trem
Eu preciso de um trem
Eu vou danado pra Catende
Eu vou danado pra Catende
Eu Vou danado pra Catende
Com vontade de chegar
E o sol é vermelho como um tição
Eu vou danado pra Catende
Vou danado pra Catende
Vou danado pra Catende
Com vontade de chegar
Mergulhão, mucambos, moleques, mulatos
Vêm vê-los passar
Adeus, adeus, adeus
Adeus morena do cabelo cacheado
Maribondo sai da mata
Que lá é a casa das caiporas
Caiporas, caiporas, caiporas!
Álbum: Molhado De Suor [1974/1975 Som Livre]
Composição: Ascenso Ferreira / Alceu Valença
Ai, Delminha
Ouça essa carta que eu não escrevi
Por aqui vai tudo bem
Mas eu só penso um dia voltar
Ai, Delminha
Veja a enrascada que eu fui me meter
Por aqui
Tudo corre tão depressa
Se você tropeça não vai levantar
Tudo corre tão depressa
Se você tropeça não vai levantar
Tudo corre tão depressa
As motocicletas se movimentando
Os dedos da moça datilografando
Numa engrenagem de pernas pro ar
...
Eu quero um trem
Eu preciso de um trem
Eu vou danado pra Catende
Eu vou danado pra Catende
Eu Vou danado pra Catende
Com vontade de chegar
E o sol é vermelho como um tição
Eu vou danado pra Catende
Vou danado pra Catende
Vou danado pra Catende
Com vontade de chegar
Mergulhão, mucambos, moleques, mulatos
Vêm vê-los passar
Adeus, adeus, adeus
Adeus morena do cabelo cacheado
Maribondo sai da mata
Que lá é a casa das caiporas
Caiporas, caiporas, caiporas!
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Poema original de Ascenso Ferreira:
Poema original de Ascenso Ferreira:
Trem de Alagôas
O sino bate,
o condutor apita o apito,
Solta o trem de ferro um grito,
põe-se logo a caminhar…
- Vou danado pra Catende,
vou danado pra Catende,
vou danado pra Catende
com vontade de chegar...
Mergulham mocambos,
nos mangues molhados,
moleques, mulatos,
vêm vê-lo passar.
Adeus !
- Adeus !
Mangueiras, coqueiros,
cajueiros em flor,
cajueiros com frutos
já bons de chupar...
- Adeus morena do cabelo cacheado !
Mangabas maduras,
mamões amarelos,
mamões amarelos,
que amostram molengos
as mamas macias
pra a gente mamar
- Vou danado pra Catende,
vou danado pra Catende,
vou danado pra Catende
com vontade de chegar...
Na boca da mata
ha furnas incríveis
que em coisas terríveis
nos fazem pensar:
- Ali dorme o Pai-da-Mata
- Ali é a casa das caiporas
- Vou danado pra Catende,
vou danado pra Catende
vou danado pra Catende
com vontade de chegar...
Meu Deus! Já deixamos
a praia tão longe…
No entanto avistamos
bem perto outro mar...
Danou-se! Se move,
se arqueia, faz onda...
Que nada! É um partido
já bom de cortar...
- Vou danado pra Catende,
vou danado pra Catende
vou danado pra Catende
com vontade de chegar...
Cana caiana,
cana rôxa,
cana fita,
cada qual a mais bonita,
todas boas de chupar...
- Adeus morena do cabelo cacheado!
- Ali dorme o Pai-da-Matta!
- Ali é a casa das caiporas
- Vou danado pra Catende,
vou danado pra Catende
vou danado pra Catende
com vontade de chegar...
Solta o trem de ferro um grito,
põe-se logo a caminhar…
- Vou danado pra Catende,
vou danado pra Catende,
vou danado pra Catende
com vontade de chegar...
Mergulham mocambos,
nos mangues molhados,
moleques, mulatos,
vêm vê-lo passar.
Adeus !
- Adeus !
Mangueiras, coqueiros,
cajueiros em flor,
cajueiros com frutos
já bons de chupar...
- Adeus morena do cabelo cacheado !
Mangabas maduras,
mamões amarelos,
mamões amarelos,
que amostram molengos
as mamas macias
pra a gente mamar
- Vou danado pra Catende,
vou danado pra Catende,
vou danado pra Catende
com vontade de chegar...
Na boca da mata
ha furnas incríveis
que em coisas terríveis
nos fazem pensar:
- Ali dorme o Pai-da-Mata
- Ali é a casa das caiporas
- Vou danado pra Catende,
vou danado pra Catende
vou danado pra Catende
com vontade de chegar...
Meu Deus! Já deixamos
a praia tão longe…
No entanto avistamos
bem perto outro mar...
Danou-se! Se move,
se arqueia, faz onda...
Que nada! É um partido
já bom de cortar...
- Vou danado pra Catende,
vou danado pra Catende
vou danado pra Catende
com vontade de chegar...
Cana caiana,
cana rôxa,
cana fita,
cada qual a mais bonita,
todas boas de chupar...
- Adeus morena do cabelo cacheado!
- Ali dorme o Pai-da-Matta!
- Ali é a casa das caiporas
- Vou danado pra Catende,
vou danado pra Catende
vou danado pra Catende
com vontade de chegar...
O modernista pernambucano Ascenso Carneiro Gonçalves Ferreira nasceu em Palmares, Pernambuco, em 1895.
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ABERTURA - Festival da Nova MúsicaPeríodo de exibição: 07/01/1975 – 04/02/1975
Direção: Arnaldo Artilheiro e Carlos de Oliveira
Produção: Renato Correa e Castro
Lançado no final de 1974, visava o estímulo a compositores e cantores não premiados em qualquer outro festival televisionado.
Ao todo foram cinco apresentações (quatro eliminatórias e a finalíssima), entre janeiro e fevereiro de 1975, no Teatro Municipal em São Paulo.
Entre os jurados estavam: Marcos Valle, Diogo Pacheco, Damiano Cosella, João Evangelista Leão, Maurício Kubrusly, José Márcio Penido e Sérgio Cabral, presididos por Aloísio de Oliveira.
Ao todo foram cinco apresentações (quatro eliminatórias e a finalíssima), entre janeiro e fevereiro de 1975, no Teatro Municipal em São Paulo.
Entre os jurados estavam: Marcos Valle, Diogo Pacheco, Damiano Cosella, João Evangelista Leão, Maurício Kubrusly, José Márcio Penido e Sérgio Cabral, presididos por Aloísio de Oliveira.
As músicas classificadas eram divulgadas antes da realização dos programas e as gravadoras podiam veicular as canções nos meios de comunicação.
Os programas incluíram ainda shows de artistas já consagrados, como Ivan Lins, Gal Costa, Martinho da Vila e Erasmo Carlos.
Resultado:
Carlos Vergueiro conquistou o primeiro lugar com a composição Como um Ladrão.
Djavan, com Fato Consumado, ficou em segundo lugar.
O terceiro prêmio foi para a composição Muito Tudo, de Walter Franco.
Outros premiados:
- Hermeto Pascoal (melhor arranjo, com Porco na Festa)
- Clementina de Jesus, (melhor intérprete, com A Morte de Chico Preto)
- Alceu Valença, (prêmio "incentivo à pesquisa", com a música Vou Danado pra Catende.
- Radamés Gnatalli e Mário Lago (prêmios pelas colaborações prestadas à MPB).
[Fonte: http://memoriaglobo.globo.com/Memoriaglobo/0,27723,GYN0-5273-257652,00.html]Os programas incluíram ainda shows de artistas já consagrados, como Ivan Lins, Gal Costa, Martinho da Vila e Erasmo Carlos.
Resultado:
Carlos Vergueiro conquistou o primeiro lugar com a composição Como um Ladrão.
Djavan, com Fato Consumado, ficou em segundo lugar.
O terceiro prêmio foi para a composição Muito Tudo, de Walter Franco.
Outros premiados:
- Hermeto Pascoal (melhor arranjo, com Porco na Festa)
- Clementina de Jesus, (melhor intérprete, com A Morte de Chico Preto)
- Alceu Valença, (prêmio "incentivo à pesquisa", com a música Vou Danado pra Catende.
- Radamés Gnatalli e Mário Lago (prêmios pelas colaborações prestadas à MPB).
Gravações de estúdio em versões exclusivas
LP - Edição Nacional - SOM LIVRE DISCOS
12 Faixas - Nº 403.606-3 - Data: 1975 - STEREO/MONO
Lado A: Tom e Dito/Carlinhos Vergueiro/Alceu Valença/Leci Brandão/Ednardo/Jorge Mautner
Lado B: Luiz Melodia/Cartier Burnier/Djavan/Walter Franco/Reginaldo Bessa/Jards Macalé
LP ABERTURA-FESTIVAL DA NOVA MÚSICA BRASILEIRA-1975
1- Tamanco malandrinho - Tom e Dito
2- Como um ladrão - Carlos Vergueiro
3- Vou danado pra catende - Alceu Valença
4- Antes que eu volte a ser nada - Leci Brandão
5- Vaila - Ednardo
6- Bem te viu - Jorge Mautner
7- Ébano - Luiz Melodia
8- Ficaram nus - Cartier e Burnier
9- Fato consumado - Djavan
10- Muito tudo - Walter Franco
11- O tempo - Reginaldo Bessa
12- Princípio do prazer - Jards Macalé
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Alceu Valença e seu grupo "Trem de Catende", formado com alguns integrantes da banda Ave Sangria. O vídeo foi produzido para o Festival Abertura, da TV Globo, no qual a composição "Vou Danado pra Catende" foi contemplada na categoria "Incentivo à Pesquisa".
Músicos:
Alceu Valença (voz e violão)
Zé Ramalho (voz e viola)
Lula Côrtes (tricórdio)
Zé da Flauta (flauta)
Ivinho (guitarra)
Paulo Raphael (baixo)
Israel Semente Proibida (bateria)
Agricinho Noia (percussão)
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