O jornal soteropolitano A Tarde promoveu, de abril a outubro de 2000, uma série no caderno de domingo, com o objetivo de debater os rumos da chamada axé-music, uma corrente surgida na música popular produzida na Bahia que ultrapassaria as suas fronteiras obtendo grande repercussão nacionalmente, em virtude da campanha maciça das mídias radiofônicas, e que se tornaria possível pela consolidação dos bons estúdios de gravação desenvolvidos em Salvador.
A criação do termo axé-music é atribuída ao jornalista Hagamenon Brito, numa conotação pejorativa. O certo é que este acabaria se tornando num dos mais bem sucedidos rótulos da indústria do entretenimento no País, causa e consequência do deslocamento do eixo da produção musical, antes concentrado no centro-sul.
Sem questionar os interesses do noticioso, nem os aspectos discutidos a partir dos mais diversos ângulos, formulamos uma síntese desse debate, numa visão geral de como a Bahia pensava esse fenômeno, no período em que se considera.
Abril, 09 a Outubro, 29.
A TARDE - Debate Aberto. Editora: Suzana Varjão
"Caderno 2 lança a série Música Baiana - Para Onde?"
(Entrevistas, artigos, ensaios).
DEBATE ABERTO (Editorial)
"Combatida pela ala tradicional da MPB, adorada pelos jovens, boicotada pelo sul-maravilha. Nunca um modo de fazer musical provocou tanto rebuliço no País. No banco dos réus, a axé-music vem dando sinais de que, se não está mergulhada na alardeada crise, precisa, urgentemente ser repensada. Como forma de contribuir para o debate, o Caderno 2 lança a série Música Baiana - Para Onde? Todo domingo, neste espaço, um integrante da indústria musical baiana - em suas mais diversas modalidades - falará sobre os rumos da música baiana e responderá ao pinga-fogo do Caderno 2. Complementando as entrevistas, artidos, ensaios... O debate está aberto. (Suzana Varjão, editora)."
A criação do termo axé-music é atribuída ao jornalista Hagamenon Brito, numa conotação pejorativa. O certo é que este acabaria se tornando num dos mais bem sucedidos rótulos da indústria do entretenimento no País, causa e consequência do deslocamento do eixo da produção musical, antes concentrado no centro-sul.
Sem questionar os interesses do noticioso, nem os aspectos discutidos a partir dos mais diversos ângulos, formulamos uma síntese desse debate, numa visão geral de como a Bahia pensava esse fenômeno, no período em que se considera.
Abril, 09 a Outubro, 29.
A TARDE - Debate Aberto. Editora: Suzana Varjão
"Caderno 2 lança a série Música Baiana - Para Onde?"
(Entrevistas, artigos, ensaios).
"Combatida pela ala tradicional da MPB, adorada pelos jovens, boicotada pelo sul-maravilha. Nunca um modo de fazer musical provocou tanto rebuliço no País. No banco dos réus, a axé-music vem dando sinais de que, se não está mergulhada na alardeada crise, precisa, urgentemente ser repensada. Como forma de contribuir para o debate, o Caderno 2 lança a série Música Baiana - Para Onde? Todo domingo, neste espaço, um integrante da indústria musical baiana - em suas mais diversas modalidades - falará sobre os rumos da música baiana e responderá ao pinga-fogo do Caderno 2. Complementando as entrevistas, artidos, ensaios... O debate está aberto. (Suzana Varjão, editora)."
ARTISTAS E PRODUTORES PARTICIPANTES: SINOPSES DAS MATÉRIAS
01) 09/04/2000 - Ivete Sangalo:
"O que mata o artista é a escravidão de estilo" -
"O que está acontecendo mesmo é uma crise no mercado fonográfico, admitida até pelas gravadoras" - Por Olenka Machado
02) 16/04/2000 - Daniela Mercury:
"Nós somos alfabetizados pela música" -
"De formação universitária, Daniela Mercury descarta o grau de escolaridade como determinante na qualidade da música baiana. "O alfabeto musical é uma fonte de cultura", pondera. - Por Luis Lasserre
03) 23/04/2000 - Paquito:
"Cartas Marcadas"
Para o músico, pesquisador e produtor Paquito, a rede de donos de bandas impede a divulgação de estilos musicais diferentes da axé-music. - Por Fátima Dannemann
04) 30/04/2000 - Luiz Galvão (dos Novos Baianos):
"Não dá para colocarmos tudo no mesmo saco"
A pressão das gravadoras sobre os músicos, privilegiando a mediocridade, é, segundo Galvão, o lado negativo da indústria cultural baiana. - Por Carlos Ribeiro
05) 07/05/2000 - Jorginho Sampaio:
"A Bahia é plural"
O empresário diz ter preferência pela música baiana "tradicional", que não deve ser confundida com o novo pagode baiano, "da bundinha, do vai-atrás-e-vai-na-frente". - Por Iza Calbo
06) 14/05/2000 - Beto Jamaica:
"Fazemos a melhor música do mundo"
Ex-vocalista do É o Tchan, Beto Jamaica defende as letras "picantes" do pagode e credita aos imitadores/repetidores de fórmulas a má fama da música baiana. - Por Kátia Borges
07) 21/05/2000 - Margareth Menezes:
"Os adultos invadiram o mundo das crianças"
Margareth Menezes critica o teor apelativo das letras da axé-music, enfatizando os reflexos negativos que provoca no universo infantil. - Por Carlos Ribeiro
08) 28/05/2000 - Ivan Huol (do Grupo Garagem):
Para o baterista do Grupo Garagem, o futuro da axé-music aponta para a incorporação, pela já sedimentada indústria, dos diferentes "cantos da cidade". - Por Fátima Dannemann
09) 04/06/2000 - Noeme Bastos:
"Ser plural, pero sin perder la alegria, jamás".
Noeme Bastos festeja a alegria reinante na axé-music e alerta sobre a importância de resgatar o apelo de raiz do início do movimento. - Por Olenka Machado
10) 11/06/2000 - Márcia Short:
"Viramos piada nacional"
Ela já esteve no berço da axé-music, quando era possível ouvir boas canções. Agora, lamenta o caminho do "emburrecimento" que o movimento tomou. - Por Iza Calbo
11) 18/06/2000 - Roberto Santana:
"O peito da vaca secou"
O produtor Roberto Santana detona a axé-music, rebate críticas de Daniela Mercury e acusa as gravadoras de "sugar" os artistas da terra. - Por Kátia Borges
12) 25/06/2000 - Edil Pacheco:
"O axé está implodindo"
O sambista ataca o baixo nível das letras, critica o uso dos artistas pelos empresários e atira contra os compositores-fantasmas. - Por Iza Calbo
13) 02/07/2000 - Emanuelle Araújo:
"O importante é ter personalidade"
Confiante na evolução - nascida da mistura de sonoridades e interpretações -, Emanuelle Araújo diz não acreditar na crise da música baiana. - Por Olenka Machado
14) 09/07/2000 - Tom Zé:
"Não se pode especular sobre arte onde o consumo é o significado".
O tropicalista Tom Zé solta o verbo e tece considerações divertidas - e controversas - sobre a axé-music. - Por Luis Lasserre
15) 16/07/2000 - Carla Visi:
"O sucesso da axé-music incomoda a muitos"
Vocalista da banda Cheiro de Amor, a cantora Carla Visi acusa de antidemocráticos e preconceituosos os que atacam a axé-music. - Por Olenka Machado
16) 23/07/2000 - Rebeca Matta:
"Precisamos de movimentos carregados de sentido"
Rebeca Matta (O "carnaval" de que Tom Zé mais gosta) critica o controle mercadológico da festa de Momo e avalia o conteúdo da música baiana. - Por Luis Lassere
17) 30/07/2000 - Carlinhos Cor das Águas:
"O axé reproduz a monocultura do açúcar"
Um dos mais talentosos compositores da Bahia, Carlinhos Cor das àguas defende a axé-music, mas critica o monopólio do mercado. - Por Iza Calbo
18) 06/08/2000 - Gerônimo:
"Axé-music significa música da força"
O autor de É d'Oxum investe contra os "imperadores da indústria cultural, responsabilizando-os pela exaustão da música baiana. - Por Ana Lívia Lopes
19) 13/08/2000 - Ricardo Martins:
"O artista busca o consumo"
A axé-music abriga grande diversidade de ritmos. É no que acredita o empresário Ricardo Martins, para quem a corrente não tem estilo definido. - Por Carlos Ribeiro
20) 20/08/2000 - Fábio Paes:
"A música comercial é medíocre e repetitiva"
Fábio Paes deixa a viola de lado e entra, com o jeito cool que Deus lhe deu, no debate sobre a axé-music. - Por Kátia Borges
21) 27/08/2000 - Verônica Ribeiro:
"Sem desejo de comunicar, a música torna-se pobre"
Cantora, instrumentista e professora de música, Verônica Ribeiro entre no debate sobre a axé-music
analisando o estilo do ponto de vista teórico, sem preconceitos. - Por Kátia Borges
01) 09/04/2000 - Ivete Sangalo:
"O que mata o artista é a escravidão de estilo" -
"O que está acontecendo mesmo é uma crise no mercado fonográfico, admitida até pelas gravadoras" - Por Olenka Machado
02) 16/04/2000 - Daniela Mercury:
"Nós somos alfabetizados pela música" -
"De formação universitária, Daniela Mercury descarta o grau de escolaridade como determinante na qualidade da música baiana. "O alfabeto musical é uma fonte de cultura", pondera. - Por Luis Lasserre
03) 23/04/2000 - Paquito:
"Cartas Marcadas"
Para o músico, pesquisador e produtor Paquito, a rede de donos de bandas impede a divulgação de estilos musicais diferentes da axé-music. - Por Fátima Dannemann
04) 30/04/2000 - Luiz Galvão (dos Novos Baianos):
"Não dá para colocarmos tudo no mesmo saco"
A pressão das gravadoras sobre os músicos, privilegiando a mediocridade, é, segundo Galvão, o lado negativo da indústria cultural baiana. - Por Carlos Ribeiro
05) 07/05/2000 - Jorginho Sampaio:
"A Bahia é plural"
O empresário diz ter preferência pela música baiana "tradicional", que não deve ser confundida com o novo pagode baiano, "da bundinha, do vai-atrás-e-vai-na-frente". - Por Iza Calbo
06) 14/05/2000 - Beto Jamaica:
"Fazemos a melhor música do mundo"
Ex-vocalista do É o Tchan, Beto Jamaica defende as letras "picantes" do pagode e credita aos imitadores/repetidores de fórmulas a má fama da música baiana. - Por Kátia Borges
07) 21/05/2000 - Margareth Menezes:
"Os adultos invadiram o mundo das crianças"
Margareth Menezes critica o teor apelativo das letras da axé-music, enfatizando os reflexos negativos que provoca no universo infantil. - Por Carlos Ribeiro
08) 28/05/2000 - Ivan Huol (do Grupo Garagem):
Para o baterista do Grupo Garagem, o futuro da axé-music aponta para a incorporação, pela já sedimentada indústria, dos diferentes "cantos da cidade". - Por Fátima Dannemann
09) 04/06/2000 - Noeme Bastos:
"Ser plural, pero sin perder la alegria, jamás".
Noeme Bastos festeja a alegria reinante na axé-music e alerta sobre a importância de resgatar o apelo de raiz do início do movimento. - Por Olenka Machado
10) 11/06/2000 - Márcia Short:
"Viramos piada nacional"
Ela já esteve no berço da axé-music, quando era possível ouvir boas canções. Agora, lamenta o caminho do "emburrecimento" que o movimento tomou. - Por Iza Calbo
11) 18/06/2000 - Roberto Santana:
"O peito da vaca secou"
O produtor Roberto Santana detona a axé-music, rebate críticas de Daniela Mercury e acusa as gravadoras de "sugar" os artistas da terra. - Por Kátia Borges
12) 25/06/2000 - Edil Pacheco:
"O axé está implodindo"
O sambista ataca o baixo nível das letras, critica o uso dos artistas pelos empresários e atira contra os compositores-fantasmas. - Por Iza Calbo
13) 02/07/2000 - Emanuelle Araújo:
"O importante é ter personalidade"
Confiante na evolução - nascida da mistura de sonoridades e interpretações -, Emanuelle Araújo diz não acreditar na crise da música baiana. - Por Olenka Machado
14) 09/07/2000 - Tom Zé:
"Não se pode especular sobre arte onde o consumo é o significado".
O tropicalista Tom Zé solta o verbo e tece considerações divertidas - e controversas - sobre a axé-music. - Por Luis Lasserre
15) 16/07/2000 - Carla Visi:
"O sucesso da axé-music incomoda a muitos"
Vocalista da banda Cheiro de Amor, a cantora Carla Visi acusa de antidemocráticos e preconceituosos os que atacam a axé-music. - Por Olenka Machado
16) 23/07/2000 - Rebeca Matta:
"Precisamos de movimentos carregados de sentido"
Rebeca Matta (O "carnaval" de que Tom Zé mais gosta) critica o controle mercadológico da festa de Momo e avalia o conteúdo da música baiana. - Por Luis Lassere
17) 30/07/2000 - Carlinhos Cor das Águas:
"O axé reproduz a monocultura do açúcar"
Um dos mais talentosos compositores da Bahia, Carlinhos Cor das àguas defende a axé-music, mas critica o monopólio do mercado. - Por Iza Calbo
18) 06/08/2000 - Gerônimo:
"Axé-music significa música da força"
O autor de É d'Oxum investe contra os "imperadores da indústria cultural, responsabilizando-os pela exaustão da música baiana. - Por Ana Lívia Lopes
19) 13/08/2000 - Ricardo Martins:
"O artista busca o consumo"
A axé-music abriga grande diversidade de ritmos. É no que acredita o empresário Ricardo Martins, para quem a corrente não tem estilo definido. - Por Carlos Ribeiro
20) 20/08/2000 - Fábio Paes:
"A música comercial é medíocre e repetitiva"
Fábio Paes deixa a viola de lado e entra, com o jeito cool que Deus lhe deu, no debate sobre a axé-music. - Por Kátia Borges
21) 27/08/2000 - Verônica Ribeiro:
"Sem desejo de comunicar, a música torna-se pobre"
Cantora, instrumentista e professora de música, Verônica Ribeiro entre no debate sobre a axé-music
analisando o estilo do ponto de vista teórico, sem preconceitos. - Por Kátia Borges
27/08/2000 - Sérgio Simões:
"Para falar de 'jabá' é preciso dizer quem pagou e a quem".
Diretor da 104 FM, o empresário Sérgio Simões fala sobre o funcionamento da rádio que administra e cobra maior responsabilidade dos que atiram pedras sobre o setor. - Por Kátia Borges
27/08/2000 - Carlos Chagas:
"Pagar jabá é coisa do passado"
Quem o diz é Carlos Chagas, diretor da Itapoan FM, um dos que aceitaram conversar com o Caderno 2 sobre as acusações - diga-se de passagem sem provas - de que o setor radiofônico sobrevive à base de "jabá". - Por Kátia Borges
22) 03/09/2000 - Albino Rubim:
"Mesmo a música de massa precisa de inovação"
Professor da Faculdade de Comunicação da Ufba, Albino Rubim disseca o caráter repetitivo da música baiana. - Por Marilda Ferri
23) 10/09/2000 - Vevé Calasans:
"Meia dúzia de produtores lima talentos baianos"
O compositor Vevé Calasans lamenta a ação dos ditos grandes produtores da axé, movidos por interesses próprios e que, por conta disso, tiram do mercado os verdadeiros talentos. - Por Iza Calbo
24) 17/09/2000 - Cícero Antônio:
"A deficiência do axé está na mentalidade reducionista"
O coordenador do Qual é da Música? lamenta que a axé-music tenha pinçado do mercado grandes músicos, fomentadores da cultura, deixando os espaços órfãos. - Por Iza Calbo
25) 24/09/2000 - Antonio Carlos Limongi:
"Mídia e produtores determinam o comportamento de mercado"
"Este movimento serve apenas aos produtores que ganham dinheiro com o filão", diz Antonio Carlos Limongi, ao falar sobre a axé-music. - Por Iza Calbo
26) 01/10/2000 - Mário Dias:
"A mídia pode dar novos rumos à música baiana"
O produtor critica a falta de apoio da mídia ao que não seja axé, teme a rotulação dos artistas e defende a qualidade a partir de uma aliança, cujo principal elo seja a educação. - Por Iza Calbo.
27) 08/10/2000 - Jonne Cacik:
"Por uma música mais duradoura"
O guitarrista Jonne, da Banda Chiclete com Banana diz que o segmento axé também tem "coisas muito boas". Mas alerta: É preciso tomar cuidado para que a música não seja apenas de um verão". - Por Olenka Machado
28) 15/10/2000 - Fábio:
"Música "prapular" brasileira"
Há 10 anos morando na Bahia, o cantor Fábio atribui à força da mídia as flutuações no mercado da axé-music. - Por Olenka Machado
29) 22/10/2000 - Lélys:
"Quantidade versus Qualidade"
"Nós nunca estivemos tão bem quanto agora"
Para o vocalista da banda Asa de Águia, "a crise pode continuar. A gente continua vendendo abadá pelo Brasil". - Por Joana D'Arc Dutra
30) 29/10/2000
Puxão de orelhas - FIM
Carlinhos Brown encerra os debates da série Música Baiana - Para Onde? prometendo conter a veia polêmica e... polemizando. - Por Luis Lasserre
01) Axé-music, por que não? - Fred Dantas - 09/04/2000
02) De como pasteurizar uma cultura - Ceci Alves - 16/04/2000
03) Axé-music: fechada para balanço - Márcio Mello - 23/04/2000
04) Até, axé! - Bruno Nunes - 30/04/2000
05) Axé-music, educação e outros caminhos - Jorge Portugal - 07/05/2000
06)) "Não carecemos do aval do rock ou do jazz" - Xangai - 21/05/2000
07) "O Axé pode causar danos irreparáveis à alma do cidadão soteropolitano" - Rowney Scott - 28/05/2000
08 "O Povo se encarrega de separar o joio do trigo" - Monica San Galo - 04/06/2000
09) O leopardo e as hienas - Joaquim Nery Filho(*) - 11/06/2000
10) "Chega de hipocrisia!" - André Luis Mattedi Dias - 18/06/2000
11) "Não se abre espaço para a pluralidade atacando artistas" - Duda Valverde - 25/06/2000
12) "Quem tem medo de Lombroso?" - Everaldo Carvalho - 02/07/2000
13) "A noção de direitos do autor estacionou no início do século XX" - Paquito - 09/07/2000
14) Singular pluralidade - Tom Tavares - 16/07/2000
15) "Estamos preocupados com a dimensão dos erros nas músicas" - Gilney Tosta - 23/07/2000
16) "É hora de cortar as amarras!" - Giancarlo Salvagni - 30/07/2000
17) "Tortura auricular com dendê soa menos áspera" - Fernando Conceição - 13/08/2000
18) "De Buena Vista a Gerônimo, estamos todos aí" - Arnaldo Oliveira - 20/08/2000
19) "Arte autêntica" - Emília Biancardi - 03/09/2000
20) "Repensando caminhos" - Luiz Américo Lisboa Junior - 10/09/2000
21) "Caldeirão de ritmos" - Patrícia Moura - 17/09/2000
22) "A axé-music é morta? Viva a música axé!" - Fernando Cerqueira - 24/09/2000
23) "A receita do sucesso é trabalho" - Luiz Carlos Adan - 01/10/2000
24) "Axé, funk, jazz, o escambau" - Ataualba Meirelles - 08/10/2000
25) "Perjúrio vitaminado" - José Lago Júnior - 15/10/2000
26) "Antídoto de êxodo" - Vicente Barreto - 22/10/2000
27) "Ceder para vencer" - Bira Santana - 29/10/2000
(*) Joaquim Nery Filho - Professor e sócio das produtoras Cara Caramba e Camaleão
ENTREVISTAS:
Wesley Rangel:
"Compor é um trabalho de equipe"
Wesley Rangel, da gravadora WR. fala com exclusividade sobre a polêmica que cerca a composição, produção e gravação de músicas por artistas da axé-music. - Por Kátia Borges
Roque Ferreira:
Direito autoral
"Quem tem que ter visão de mercado são os marqueteiros. Ou estou errado?"
"Pelo que Wesley Rangel afirmou, parece que o compositor é um intruso dentro de sua própria obra". O desabafo é do sambista Roque Ferreira, sobre declaração do produtor, neste mesmo espaço. - Por Ana Lívia Lopes
Gilberto Gil:
"A axé-music sofre de fadiga de material"
"Em entrevista para o Caderno 2, Gil fala sobre o disco que está gravando com Milton Nascimento, música brasileira e axé-music, anunciando que o Expresso Percpan 2001 circulará nos EUA." - Por Suzana Varjão.
Fadiga de material:
" - As músicas de traço marcantemente popular, criadas por setores populares, para consumo de setores populares, e, especialmente, com esta visão superpragmática, de música de resultados - algo que ficou muito marcado nessa primeira fase do axé, assim como o sertanejo, o brega, o pagode e outros gêneros que também atuam com essa coisa muito forte de ganhar espaço, de brigar por mercado e tal -, são cíclicas. Elas, em determinado momento, passam a sofrer daquilo que a gente chama, em engenharia naval, em engenharia aérea, de "fadiga de material". Aquilo começa a cansar, e precisa renovar. O axé vai, necessáriamente, entrar num ciclo de renovação, agora."
OUTROS:
CARTA:
"A alegria não está atrelada ao mau gosto" - Lourival Augusto - 14/05/2000
"GHOST-MUSIC?" - 25/06/2000
A revelação de que grande parte das composições do gênero vem assinado sob pseudônimo gera nova polêmica. Mas, afinal, quem são os compositores-fantasmas da axé-music e por que motivo mantêm-se no anonimato? - Por Ana Lívia Lopes
A Tarde, 25/06/2000
A Tarde, 25/06/2000
COMPOSIÇÕES:
Asneiras musicadas - 09/07/2000
Muitos compositores da axé-music, no afã de rimar, compor e produzir hits, acabam "pegando pesado" e propagando asneiras gramaticais, históricas e ideológicas. - Por Iza Calbo
RÉPLICA:
Carlos Pita:
"O erro não é meu, é da História!" - 16/07/2000
Asneiras musicadas - 09/07/2000
Muitos compositores da axé-music, no afã de rimar, compor e produzir hits, acabam "pegando pesado" e propagando asneiras gramaticais, históricas e ideológicas. - Por Iza Calbo
RÉPLICA:
Carlos Pita:
"O erro não é meu, é da História!" - 16/07/2000
A Tarde, 09/07/2000
A Tarde, 16/07/2000
A Tarde, 16/07/2000
Salassiê, com a Banda Cheiro de Amor (1988, Polydor - 837 704-1)
Salassiê
Composição: Carlos Pita
Interpretação: Banda Cheiro de Amor
Salassiê era um rei
Que gostava de reggae,
Bob Marley era um rei
Que gostava de reggae
A bola no pé de Pelé
O Bispo Tutu tem a fé
Que um dia essa gente
Será livre
Mandela e Biko e Tyson
Muhammad Ali
Quilombos de Milton, Gusmão e Gilberto
O rei é Zumbi
Rei Zumbi
Da África, mãe do leão
Dos deuses, tambor de ijexá
Emana esse grito nação
Que um dia virá
Zimbábue, Luanda
Palmares de São Salvador
Caribe, Guianas, América negra
Palavra de amor
Reggae é amor
13/09/2004
Originalmente publicado no site:
http://www.venha.com.br/colunadobiro/130904.htm
Curiosamente, em setembro de 2004 era veiculado na internet o texto a seguir, coerente com o contexto dessa discussão. O autor, Biro, valendo-se de fértil imaginação, traça um irônico quadro sobre a música, os personagens e fatos da Bahia, a partir de uma frase da canção de Pitta e do personagem Salassiê, que surge como protagonista de uma série de ações que denunciam, através de rica sequência de acontecimentos (reais ou não), a situação do negro e das classes menos favorecidas, para concluir com uma ironia ainda maior sobre a mania brasileira de criar mitos e "reis".
Salassiê Era Um Rei
Autor: Biro
Salassiê era um rei que gostava de reggae
Durante os anos 80 misturou um samba
Bateu seu tambor de Itapagipe a Itapuã
Retardava seu batuque para sacudir o Pelourinho
Salassiê virou um autêntico "negão"
E Gerônimo virou seu rei
Negão foi para o Egito pular como um Faraó
E viu sua Bahia virar uma Jamaica
Salassiê vibrou ao ver a mídia nacional aplaudindo a Bahia
E chorou ao ver brancos baianos gargalhando ao ouvir Faraó
E então o "negão" começou a fazer sua música
Em busca do fim do preconceito racial que existia em Salvador
Salassiê era um rei que nasceu na Liberdade
Mais precisamente no Curuzu
Ele desfilava no bloco de seu bairro, o Ilê Aiyê
Onde era proibida a entrada de brancos
Salassiê lembrou que no inicio o bloco era pra se chamar "Poder Negro"
Mas a polícia não aceitava o nome
Então ele viu nascer o nome Ilê Aiyê
Que em ioruba significa "Casa de Negros"
Salassiê foi o primeiro "negão" a desfilar em todos os blocos
Como sua atual namorada morava em Periperi
Ele foi conhecendo e aprendendo a ouvir Ara Ketu
Que em Ioruba significa "Povo de Ketu", fronteira da Nigéria com Senegal
Salassiê era um rei que gostava de Samba Reggae
E pulava ao ouvir "Semente da Memória" e homenagens do Araketu
Hoje o "negrão" acha que a banda está mal acostumada
E chora ao lembrar de como era perfeita essa turma de Ketu
Salassiê passava boa parte das segundas feiras pescando em Itapuã
Viu no final da feira um grupo de "negros felizes islamizados"
Ouviu alguém dar a idéia do nome de "Malê Demalê
E lutou com eles contra o racismo na Bahia
Salassiê com Força e Pudor subia a ladeira do Pelô
Muito amigo do mestre Neguinho do Samba ajudou a fazer batuque no Olodum
Viu o Pelourinho se tornar o espaço negro mais importante da Bahia
E dançou com milhares de turistas do mundo todo
Salassiê era um rei que tinha um amigo chamado Antônio Luís Alves Souza
O grande mestre Neguinho do Samba
Pulavam juntos em blocos de índios como o Apache do Tororó
Mas Neguinho levou Negão para tocar em blocos Afros
Salassiê tinha como ídolo Mahatma Ganghy
Seu pai trabalha na estiva do Porto de Salvador
E para homenagear o grande líder indiano assassinado em 1948
Fizeram os Filhos da Gandhy
Salassiê sabia tudo de blocos Afro, Afoxé e de Índios
Era mestre de bateria de várias entidades do Carnaval Baiano
Mas achava que faltava alguma coisa
Queria tudo para que o povo de sua cidade vivesse melhor
Salassiê era um rei que se assustou quando viu a Fobica passando pela rua
Mas em alguns minutos pulou ao som de Dodô e Osmar
Dançava e cantava músicas do genial Moraes Moreira
E viajava com o maravilhoso som da guitarra de Armandinho
Salassiê conheceu os blocos de trio
Mesmo sabendo que não tinha nenhum lado político
O "negão" começou a ajudar esses blocos criarem vida
E fez do Carnaval Baiano um novo espetáculo
Salassiê foi o padre do casamento de Sarajane e Luiz Caldas
E viu assim nascer uma nova música, a Axé Music
Gritava bem alto para todas as moças do cabelo duro
E viu a música da Bahia tocar em rádios do Brasil todo
Salassiê era um rei que conheceu bandas como Reflexus
Idolatrava Bamdamel, Margareth Menezes e Daniela Mercury
Pulava que nem uma criança ao som de Ricardo Chaves
E saía todo ano vestido de Camaleão ao som do Chiclete com Banana
Salassiê trabalhava quase todos os dias
Mas não perdia os tradicionais ensaios de Carnaval
E quando chegava fevereiro
Estava pronto para participar de todos os blocos da festa
Salassie tinha um amigo chamado Antônio Carlos Santos de Freitas
E hoje se orgulha de seu amigo Carlinhos Brown ser um gênio da música brasileira
Viu seu amigo juntar um monte de gente
E pode assim se deliciar ao som da Timbalada
Salassiê era um rei que gostava de tudo que era feito na Bahia
Viu nascer uma música que vinha do Recôncavo Baiano
Uma mistura de samba duro com Axé Music
E começou a aprender as coreografias do É o Tchan
Salassiê comprou sua primeira televisão no começo dos anos 90
Mesmo trabalhando muito, o "negão" nunca teve dinheiro
Mas fazia seu carnaval por prazer
Assim como todos seus amigos
Salassiê via na sua televisão a Axé Music em todos os programas
Comemorava muito, afinal seu trabalho estava dando certo
O Brasil inteiro começou a passar o Carnaval da Bahia
E viu então sua festa se tornar a maior do planeta
Salassiê era um rei que começou a ver que estava ficando de fora da festa
O governo já não apoiava as entidades Afros
O bloco de Moraes Moreira já não saía mais no Carnaval
E os blocos de trio cobravam o que ele não podia pagar
Salassiê começou a ficar fora da festa
Não só ele, mas todos os seus amigos
No seu lugar, estavam vários turistas
Que mal sabiam o que era a verdadeira música da Bahia
Salassiê recebeu um convite para ser cordeiro de um grande bloco
Aceitou para poder ver de perto os seus ídolos
No começo gostou muito por causa do grande espaço
Mas seu espaço diminuiu para dar aumentar o dos camarotes pagos
Salassiê era um rei que foi perdendo seu espaço para quem tinha dinheiro
Não agüentou a esmola que recebia para puxar uma corda
Cada anos o sofrimento era maior nos gargarejos da pipoca
Pois era maior o número de turistas que ele tinha que "ajudar"
Salassiê muitas vezes foi impedido de comprar abadás por causa da sua cor
Então resolveu gastar seu pouco dinheiro para tentar se sustentar
E no carnaval esperava os blocos passarem para poder vender água e cerveja
Mas a cada bebida que ele vendia, uma porrada de um policial ele levava
Salassiê nunca mais foi a nenhum ensaio de Carnaval
O preço do ingresso era piada perto do salário que ele recebia
Axé Music ou pela televisão ou bem longe na pipoca
Atrás do trio elétrico só não vai quem não tem dinheiro
Salassiê era um rei que batalhava por tudo que queria
Então resolveu juntar dinheiro para sair nas boas bandas
Mas descobriu que as vendas eram feitas só pela Internet
E que 2 dias depois que conseguiu o dinheiro as vendas acabaram
Salassiê foi à casa de um amigo para acessar a Internet
Ficou sabendo que precisava fazer um monte de pacotes para sair na sua banda preferida
Para comprar parcelado tinha um juros desonesto
Então mais uma vez Salassiê teve que deixar o Carnaval para quem tinha mais que ele
Salassiê passou a ver o Carnaval de longe
Chegar perto nem pensar, ou morrer ou apanhar
Ele chegou a conclusão que Carnaval é pra quem tem
E não pra quem gosta
Salassiê era um rei que passou a viajar para acompanhar de longe pipocas de micaretas
Mas a cada ano que passa ele ta mais ferrado
Dizem que as pipocas só existem pra ter briga
E acabaram fechando um monte de delas
Salassiê sabia que o objetivo desses empresários é vender bebida mais cara
Afinal, muita gente ta caindo na real e não compra mais abadá
Então é necessário pagar 3 ou 4 reais em uma lata de cerveja
E nosso "negão" não acreditava que a Axé estava no fundo do poço
Salassiê viu todos os seus amigos e criadores da Axé sem dinheiro
E ele também viu um monte de empresário vendendo a sua música
E ainda dizem que a Axé Music é a música do povo
O povo que tem dinheiro, só se for
Salassiê era um rei, era um menino que sabia tocar tambor
E hoje vive tentando sustentar sua família sem ter o que queria
Batalhava, batalhava e nada
Passou a construir os camarotes do Carnaval de Salvador
Salassiê que havia feito várias músicas que viraram hinos
Agora ergue o piso que algum turista estrangeiro vai pisar
E só pode olhar de longe e ver onde foi parar sua música
Êta Salassiê!
Salassiê viu também rivalidades de fãs de bandas de Axé Music
Viu meninos de 14 ou 15 anos criarem refrões para provocar outras bandas
Mesmo sabendo que essa molecada deve ter começado a ouvir Axé tem nem 2 anos
Mas Salassiê não agüentava mais
Salassiê era um rei que queria pelo menos mais uma vez participar do Carnaval
Mesmo contra a vontade de sua família por causa dos anos anteriores
O "negão" foi fazer o que mais sabia que gostava
Foi curtir seu Samba-Reggae, a sua Axé Music
Salassiê acompanhou a pipoca de várias bandas até chegar a Castro Alves
Ele foi ao delírio no templo do Carnaval
Pulava feito uma criança ouvindo músicas antigas e novas
Mas tinha que parar toda hora por causa do aperto
Salassiê estava perto da corda de uma das maiores bandas da Bahia
Uma grande confusão entre foliões de abadás e pessoas da pipoca chamou atenção da polícia
E sem nem pensar, vieram com seus cassetetes acertando quem estava fora da corda
E uma paulada acertou nosso "negão"
Salassiê era um rei muito forte e guerreiro
Mas ao tentar se levantar, outro policial acertou o "negão" bem no peito
No meio da multidão ele caiu e ninguém mais viu
Foi pisoteado por toda a massa que ele ajudou a criar
Salassiê teve que esperar todo o bloco passar para alguém o ver
Bem depois do bloco passar viram um negro deitado no chão
Todos achavam que estava bêbado
Até que 2 turistas passaram e deram um leve chute para provocá-lo
Salassiê estava deitado sem respirar
Foi então que um policial achou estranho e deu uns 3 chutes para ver se ele mexia
Então resolveu chamar uma ambulância para levar o negro que estava deitado
E então levaram ele para o hospital
Salassiê era um rei que teve que esperar o hospital cuidar de turistas bêbados
E assim pode ser atendido
Mas já era muito tarde
E Salassiê já estava assistindo o Carnaval de outro lugar
Salassiê ainda viu lá de cima o que fizeram com ele lá embaixo
Deixaram-no de lado e foram dar atenção a outra pessoa
Foram todos cuidar de uma artista que tinha bebido um pouco mais
E viu levarem seu corpo para um lugar qualquer
Salassiê teve que assistir ainda sua família triste no seu enterro
Mas não perdeu tempo e finalmente de camarote, assistir o final do Carnaval
O Carnaval da Paz, da emoção, da alegria
O Carnaval de quem pode gastar uma fortuna para se divertir nele
Salassiê era um rei! Era um rei Salassiê!
Hoje, Salassiê é um anjo que torce lá de cima
Torce para que todos tenham novamente chance de curtir um verdadeiro Carnaval
Salassiê era um rei que só queria ouvir Axé Music
A Axé Music era um rei!
O Carnaval era um rei!
O Samba-Reggae era um rei!
E Salassiê pra sempre
Será o NOSSO REI
Originalmente publicado no site:
http://www.venha.com.br/colunadobiro/130904.htm
TENDÊNCIAS:
"Aberta a temporada de caça-talentos" - 23/07/2000
De olho na exaustão dos "leões" axé-sertanejo-pagode, os caça-talentos entram na arena, em busca de novos campeões de vendas. - Por Ceci Alves
De olho na exaustão dos "leões" axé-sertanejo-pagode, os caça-talentos entram na arena, em busca de novos campeões de vendas. - Por Ceci Alves
Waldir Serrão (radialista) / Gastão Moreira (apresentador) / Dilson Midlej
UM RESUMO DAS AFIRMAÇÕES MAIS SIGNIFICATIVAS
(NA PERCEPÇÃO DO AUTOR DESTE BLOG):
(NA PERCEPÇÃO DO AUTOR DESTE BLOG):
A AXÉ-MUSIC
... " a axé-music criou e consolidou um mercado próprio, desenvolvendo os meios tecnológicos de produção musical na Bahia – a indústria e o consumo."
... "a axé-music gerou inúmeros empregos na área do entretenimento, garantindo a músicos, técnicos de som, seguranças de blocos, motoristas de trio e quejandos uma sobrevivência digna no competitivo território baiano."
... " a axé-music tornou-se canal de expressão de significativas camadas populares que, através de seus compositores, podem falar do seu cotidiano, suas dores, comunicar, enfim, a sua cosmovisão."
... " a axé-music tem, hoje, uma corrente de artistas considerados "clássicos", pelo nível do seu trabalho, já largamente diferenciado dos "subterrâneos da axé", entre os quais destaco Daniela Mercury, Carlinhos Brown, Araketu e Ivete Sangalo." (...)
"... a axé-music, através de seus textos, vem contribuindo, decisivamente, para o processo de emburrecimento de boa parte da juventude baiana. Da redução do seu repertório vocabular, de aniquilamento de sua capacidade crítica, de mediocrização de suas aspirações e sonhos." (JORGE PORTUGAL).
OS DEPOIMENTOS
"... o pagode baiano. Esse é o ressurgimento do samba de senzala, numa cadeia sucessória que inclui samba-chulo, samba-de-roda, sambões de praia, samba de São João nos bairros de Salvador, e finalmente o pagode industrial que aí está. O axé vem doutra cepa: a verdadeira revolução foi a mudança de andamento, para mais lento, dos instrumentos, para mais graves e, principalmente, para a batida fundamental, percebida, inicialmente, por volta de 1982, nos blocos Muzenza e Olodum, depois adotada no Ilê Ayê e Ara Ketu."
"... um novos padrão de rítmo, que depois de mesclado com os contratempos do movimento reggae jamaicano, originou o samba-reggae. (...) Quando as bandas de trio elétrico traduziram a batida dos tambores para guitarra, baixo e bateria, criou-se, de fato, a axé-music." (FRED DANTAS).
http://tempomusica.blogspot.com/2009/01/axe-music-um-debate.html?showComment=1238367660000#c2349135076587653764
"A maioria dos compositores da chamada axé-music vem das classes menos privilegiadas. Mas... quem compra a música que eles produzem? Que música a classe média consome? A formação dessa classe está mais para a erudição ou para a cultura de massa?...
... a axé-music é arte ou artigo?
"... conceito prévio de que há um "problema" ou um "defeito de fabricação" na música baiana." (SUZANA VARJÃO).
"Não se pode especular sobre arte onde o consumo é o significado." (TOM ZÉ).
"... Forma e conteúdo dessa música, devo admitir, não permitem que ela se reproduza em meu aparelho de som. Mas é só uma questão de gosto! Afinal, eu posso me divertir, me emocionar, ouvindo músicas outras, de qualidade tão ou mais duvidosa (...) e pretendo exercer o direito sagrado de optar. (...) há muito mais que axé e pagode sendo feito. Em quantidade e qualidade. Só que, ao povo, não é dado o direito de conhecer. E, sem conhecer, como escolher?!!!" (TOM TAVARES).
"... nossa formação étnico-musical engloba outros gêneros musicais internacionais, sobretudo os da diáspora africana, parece indiscutível que a música popular feita, hoje, no Estado, existe, basicamente, em função de nossa música folclórica ou tradicional." (EMÍLIA BIANCARDI).
"... o próprio nome axé-music... por si só já é um preconceito lingüístico, e uma forma de usar a expressão como termo mercadológico." (L.A.L.J.)
"... axé-music significa "música de força." (GERÔNIMO).
"... a axé reproduz a monocultura do açúcar. (...) para que a indústria da música baiana se consolide, deve diversificar-se (...) senão, entra na depressão, como aconteceu com a cultura do açúcar." Santo Amaro, cultura do açúcar, samba-duro". (CARLINHOS COR DAS ÁGUAS).
"... donos de gravadoras, (que) estão sugando os artistas baianos, até que virem bagaço de cana." (ROBERTO SANTANA).
"... será a tenda afro-industrial a nova senzala?"
"... o calcanhar-de-Aquiles da música baiana é o tripé produtor artístico imediatista x empresário de FM imediatista x produtor fonográfico imediatista. Tanto imediatismo só pode dar em bolo quente e cru. Solado. Que a gente come e não digere." (ARNALDO ALMEIDA).
"... É claro que os programas de TV são feitos para o povo, da mesma forma que os grilhões foram feitos para os escravos." (A.L.M.D.).
"...Nós somos o que comemos, mas também somos o que ouvimos..." (ROWNEY SCOTT).
"... melhorar o mundo da música e da arte sem mudar a sociedade que a produz e consome?" (...)
"... sobra para as classes desfavorecidas sem acesso ao aprendizado a satisfação da fome de cantar e dançar, mesmo que seja pelo consumo fácil desses produtos artísticos e musicais que dizemos ruins ou de baixo nível? Ou não serão tão ruins, pois ao menos satisfazem a fome de dançar e cantar?
Ou será que quem canta e dança e canta é a própria fome? (FERNANDO CERQUEIRA).
ARTIGOS E MATÉRIAS:
... " a axé-music criou e consolidou um mercado próprio, desenvolvendo os meios tecnológicos de produção musical na Bahia – a indústria e o consumo."
... "a axé-music gerou inúmeros empregos na área do entretenimento, garantindo a músicos, técnicos de som, seguranças de blocos, motoristas de trio e quejandos uma sobrevivência digna no competitivo território baiano."
... " a axé-music tornou-se canal de expressão de significativas camadas populares que, através de seus compositores, podem falar do seu cotidiano, suas dores, comunicar, enfim, a sua cosmovisão."
... " a axé-music tem, hoje, uma corrente de artistas considerados "clássicos", pelo nível do seu trabalho, já largamente diferenciado dos "subterrâneos da axé", entre os quais destaco Daniela Mercury, Carlinhos Brown, Araketu e Ivete Sangalo." (...)
"... a axé-music, através de seus textos, vem contribuindo, decisivamente, para o processo de emburrecimento de boa parte da juventude baiana. Da redução do seu repertório vocabular, de aniquilamento de sua capacidade crítica, de mediocrização de suas aspirações e sonhos." (JORGE PORTUGAL).
OS DEPOIMENTOS
"... o pagode baiano. Esse é o ressurgimento do samba de senzala, numa cadeia sucessória que inclui samba-chulo, samba-de-roda, sambões de praia, samba de São João nos bairros de Salvador, e finalmente o pagode industrial que aí está. O axé vem doutra cepa: a verdadeira revolução foi a mudança de andamento, para mais lento, dos instrumentos, para mais graves e, principalmente, para a batida fundamental, percebida, inicialmente, por volta de 1982, nos blocos Muzenza e Olodum, depois adotada no Ilê Ayê e Ara Ketu."
"... um novos padrão de rítmo, que depois de mesclado com os contratempos do movimento reggae jamaicano, originou o samba-reggae. (...) Quando as bandas de trio elétrico traduziram a batida dos tambores para guitarra, baixo e bateria, criou-se, de fato, a axé-music." (FRED DANTAS).
http://tempomusica.blogspot.com/2009/01/axe-music-um-debate.html?showComment=1238367660000#c2349135076587653764
"A maioria dos compositores da chamada axé-music vem das classes menos privilegiadas. Mas... quem compra a música que eles produzem? Que música a classe média consome? A formação dessa classe está mais para a erudição ou para a cultura de massa?...
... a axé-music é arte ou artigo?
"... conceito prévio de que há um "problema" ou um "defeito de fabricação" na música baiana." (SUZANA VARJÃO).
"Não se pode especular sobre arte onde o consumo é o significado." (TOM ZÉ).
"... Forma e conteúdo dessa música, devo admitir, não permitem que ela se reproduza em meu aparelho de som. Mas é só uma questão de gosto! Afinal, eu posso me divertir, me emocionar, ouvindo músicas outras, de qualidade tão ou mais duvidosa (...) e pretendo exercer o direito sagrado de optar. (...) há muito mais que axé e pagode sendo feito. Em quantidade e qualidade. Só que, ao povo, não é dado o direito de conhecer. E, sem conhecer, como escolher?!!!" (TOM TAVARES).
"... nossa formação étnico-musical engloba outros gêneros musicais internacionais, sobretudo os da diáspora africana, parece indiscutível que a música popular feita, hoje, no Estado, existe, basicamente, em função de nossa música folclórica ou tradicional." (EMÍLIA BIANCARDI).
"... o próprio nome axé-music... por si só já é um preconceito lingüístico, e uma forma de usar a expressão como termo mercadológico." (L.A.L.J.)
"... axé-music significa "música de força." (GERÔNIMO).
"... a axé reproduz a monocultura do açúcar. (...) para que a indústria da música baiana se consolide, deve diversificar-se (...) senão, entra na depressão, como aconteceu com a cultura do açúcar." Santo Amaro, cultura do açúcar, samba-duro". (CARLINHOS COR DAS ÁGUAS).
"... donos de gravadoras, (que) estão sugando os artistas baianos, até que virem bagaço de cana." (ROBERTO SANTANA).
"... será a tenda afro-industrial a nova senzala?"
"... o calcanhar-de-Aquiles da música baiana é o tripé produtor artístico imediatista x empresário de FM imediatista x produtor fonográfico imediatista. Tanto imediatismo só pode dar em bolo quente e cru. Solado. Que a gente come e não digere." (ARNALDO ALMEIDA).
"... É claro que os programas de TV são feitos para o povo, da mesma forma que os grilhões foram feitos para os escravos." (A.L.M.D.).
"...Nós somos o que comemos, mas também somos o que ouvimos..." (ROWNEY SCOTT).
"... melhorar o mundo da música e da arte sem mudar a sociedade que a produz e consome?" (...)
"... sobra para as classes desfavorecidas sem acesso ao aprendizado a satisfação da fome de cantar e dançar, mesmo que seja pelo consumo fácil desses produtos artísticos e musicais que dizemos ruins ou de baixo nível? Ou não serão tão ruins, pois ao menos satisfazem a fome de dançar e cantar?
Ou será que quem canta e dança e canta é a própria fome? (FERNANDO CERQUEIRA).
A Tarde 09/07/2000
A Tarde 09/04/2000
A Tarde 10/09/2000
Oi, Roberto. Muito boa sua postagem, companheiro. Um tanto longa, mas trata de um tema que tb. já abordei bem 'aun passant': a musica brasileira de má qualidade, ou de qualidade duvidosa (para ser mais ameno).
ResponderExcluirParticularmente, não gosto do Axé music, nem de outros estilos espalhafatosos e de apelo infantil em suas letras, melodias e refrões, que foram impostas pela industria da cultura, mais preocupada em quantidade do que em qualidade.
Ah, obrigado por ser um seguidor do meu blog, vc me honra com isso. Abracos paraoaras, Franz
Franz,
ResponderExcluiressa postagem é ainda mais longa... será complementada em breve. Não há como resumir mais, já que se trata de sete meses de discussão - que na minha opinião não levou a conclusões -, porém trouxe à baila diferentes pontos de vista.
Concordo com você na rejeição a qualquer estilo que se distancie da beleza e da simplicidade, ou da complexidade na medida certa do bom gosto.
Infelizmente, a apropriação das formas artísticas (e dos artistas, por que não?) pelo capital leva a esses exageros repetitivos e cansativos que estamos vendo até hoje.
Obrigado pela participação e fique à vontade para criticar.
Abraços,
Roberto Luis.
Franz, meu caro:
ResponderExcluirse possível, traga o link dessa sua abordagem sobre a música brasileira. Será bem vindo!
Abração!
Eu particularmente nunca gostei desse tipo de música, mas devo reconhecer que a música faz parte dos anseios de uma parte da sociedade.Como vivemos vários 'Brasis' musicalmente falando temos várias realidades.A realidade da Bahia não é a mesma do Mato Grosso, São Paulo, Rio, Ceará ou Rio Grande do Sul, por exemplo.Vivemos num 'enxame cultural'.A realidade da Bahia faz produzir esse tipo de música, assim como a música de Caymmi nos anos 40,50 refletiam uma bahia bem diferente.Os tempos são outros, mas desculpem-me baianos, é lamentável esse tipo de música que se definiu com o grupo 'É o tchan' no começo dos anos 90.Para mim Margarete Menezes é uma coisa, esse grupo é outra, em qual deles devemos 'situar' a cultura baiana ???
ResponderExcluirMuito bom.
ResponderExcluirParabéns.
seria interessante, a título de informação e incentivo ao aprofundamento do debate, a página possibilitar o acesso aos artigos e entrevistas.
Por coencidência.. assino o artigo n. 12
Saudações
Evealdo Carvalho
everdal@ig.com.br
Everaldo,
ResponderExcluirtive que digitar os textos a partir do jornal físico, já que "A Tarde" ainda não disponibiliza versões online de publicações mais antigas. Numa segunda possibilidade, teria de conseguir TEMPO para digitalizar os próprios exemplares, da minha coleção. Você sabe que o formato de página de jornal pede um scanner maior...
Obrigado e parabéns pela sua participação no Debate Aberto.
Flávia,
ResponderExcluirA educação musical do público está à mercê de projetos duvidosos, profissionais carentes de sensibilidade, restrições as mais diversas, sendo que o mau gosto e a mediocridade encontram largos canais para se expandir, ao reforçar o movimento capitalista que induz ao seu consumo, junto com bebidas alcoólicas e outras "drogas", além da empatia natural de parte da sociedade com demandas das camadas mais profundas da sua psiquê, como é o caso da libidinagem explícita nas coreografias de alguns estilos musicais.
Acredito nas redes digitais como meio de reverter parte desse malicioso quadro, ao possibilitar o acesso a informações sonoras ausentes do grande 'mainstream', amplificando também o repertório dos agentes culturais. Nesse sentido, considero o compartilhamento de obras musicais como um autêntico trabalho de enriquecimento da percepção musical do público em geral, me incluindo aí. É preciso tornar mais sadia (e não sádica) a produção e a fruição artística. Não acredito na intervenção do Estado, da Igreja, etc. e salve-se quem souber.
[SAMBA-CHORO]
ResponderExcluirA AXÉ-MUSIC NA VISÃO DE FRED DANTAS
Postagem de Lourival Augusto:
http://www.samba-choro.com.br/s-c/tribuna/samba-choro.0004/0188.html
Comentário de Eduardo Martins:
http://www.samba-choro.com.br/s-c/tribuna/samba-choro.0004/0204.html
(FAZ COMPARAÇÃO COM O "BREGANEJO", ESTILO DO INTERIOR DE SÃO PAULO)