Casa Edson

Casa Edison (1)

A empresa fundada em 1900 pelo empresário boêmio Frederico Figner na rua do Ouvidor no Rio de Janeiro se dedicava a vender aparelhos sonoros (máquinas falantes), cilindros e chapas. Em 1901, Figner se associou à indústria de discos alemã Zon-O-Phone, pertencente ao conglomerado Carl Lindström, para lançar e gravar discos com excluvidade. Dois técnicos de som desembarcaram no Rio de Janeiro no final do ano para montar o primeiro estúdio de gravações brasileiro. Foi instalado nos fundos da loja. Ali, Figner e os engenheiros gravaram o primeiro lote de canções por cantores como K.D.T., Bahiano, Mário Pinheiro e Nozinho. Foi um sucesso de vendas, o que permitiu a expansão dos negócios. Figner fundou filiais em São Paulo e Porto Alegre, montando um estúdio na capital gaúcha, onde registrou artistas locais como o cantor modinheiro Xiru e o grupo de choro Terror dos Facões. Em 1911, associando-se à Odeon, pertencente à firma holandesa Transoceanic, Figner instalou, no bairro de Vila Isabel, a primeira fábrica de discos do Brasil: a Fábrica Odeon, com 500 funcionários e uma produção de 30 mil chapas por mês. O Brasil se tornou, na época, o terceiro maior mercado discográfico do mundo, posto que perdeu depois da Primeira Guerra Mundial e nunca mais recuperou. Em 1930, a Transoceanic obrigou Figner a vender todo o patrimônio da Casa Edison, dominando, a partir de então, o processo de gravação no Brasil, ao lado de outras multinacionais, como a Columbia e a RCA Victor. Com 40 mil títulos lançados ao longo de 28 anos, a Casa Edison marca a etapa heróica da gravação de discos no Brasil. A empresa funcionou até os anos 50, mas mudou de ramo: abandonando as máquinas falantes, passou a comercializar mimeógrafos e máquinas de escrever.
© Submarino

Casa Edison (2)

Há mais de 50 anos o pesquisador Humberto Francschi se dedica a recuperar gravações e documentos da Casa Edison, a terceira gravadora do mundo, que de 102 a 1932 registrou um impressionante número de canções populares.

Após pensar como levar este acervo ao público, Humberto decidiu leva-lo por meio de duas instituições. O Instituto Cultural Sarapuí irá lançar o livro "Casa Edison e Seu Tempo", escrito pelo pesquisador, que será acompanhado por um CD reunindo imagens de partituras e documentos. Além disso, prepara, com o apoio da Petrobrás, 15 CDs com as músicas mais importantes da pioneira gravadora carioca. Ele também está digitalizando 13 mil fonogramas para serem distribuídos no site do Instituto Moreira Salles (www.ims.com.br).

"Quando comecei a me interessar por discos, tinha muita coisa à venda nos sebos da cidade e ninguém dava bola. Basicamente três pessoas compravam discos: Lúcio Rangel, Sérgio Porto e eu", conta ele, na sala de sua casa, em Botafogo, onde guarda o valioso acervo. "Colecionador não pode ter uma postura de dono do mundo. Isso é bem comum, por não ficaria nem preso em museu, deveria ir para a rede. Quero ainda pegar o acervo de partituras de todas as instituições públicas e botar num software, de modo que cada uma receba a coleção das outras. Quanto ao meu acervo, por mim botava tudo na internet, para quem se interessasse", diz.
[www.sambossa.com.br/folha/index.htm] 

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