DUPLAS E TRIOS VOCAIS DA BAHIA III - ANTONIO CARLOS E JOCAFI





 
Nem sempre fora assim: uma dupla de compositores, cantores, instrumentistas bem afinados e entrosados, criando juntos, fazendo discos, shows e turnês lado a lado.
O letrista Ildásio Tavares assim escreveu:  
..."No princípio, não era o verbo e sim a discórdia"... (1)
Isto porque, antes de formarem a dupla, Antonio Carlos (o Vieira) e José Carlos (o Jocafi) eram rivais, competidores contumazes. Ildásio (juntamente com o maestro Carlos Lacerda) contribuiria para a união musical dos dois, trabalhando como parceiro,  e agregando um pequeno grupo, cuja principal porta-voz era a cantora Maria Creuza. Na época, realizaram diversos shows com roteiros de Ildásio Tavares.

Se no início havia dois compositores, intérpretes, músicos, buscando individualmente divulgar seus trabalhos de forma competitiva, até, uma vez constituída a dupla, ambos passariam a assinar juntos e dividir os direitos autorais, mesmo das composições individuais, repetindo a bem sucedida fórmula já universalizada por Lennon/McCartney, Roberto e Erasmo Carlos, etc. Nas palavras do próprio Antonio Carlos, em entrevista de 1975 ao jornalista Aramis Millarch com Maria Creuza, Antonio Carlos e Jocafi:

"...Qualquer coisa que eu tenha feito, mesmo sem Jocafi, é de Antonio Carlos e Jocafi, hoje. Como qualquer coisa que ele tenha feito sozinho, é de Antonio Carlos e Jocafi. Mesmo antes de nos conhecermos..."
Antonio Carlos Pinto (2)

Poeta, Alabê e Obá de Xangô, Ildásio Tavares, em depoimento à pesquisadora Ayeska de Paulafreitas, aponta o trabalho dos compositores e intérpretes baianos Antonio Carlos e Jocafi, no período de 1960 a 1970, como uma tendência marcante rumo à redescoberta das raízes da cultura afro baiana, observando que a produção musical da dupla revelava "uma nova linguagem musical, um novo vocabulário, com referência definitiva no Yorubá e no Banto", exemplificados na canção de Antonio Carlos, Festa no Terreiro de Alaketu. (3)
Era natural que, no intuito de divulgar a cultura, os valores e os talentos baianos, os compositores locais buscassem seguir a linha já delineada por Baden e Vinicius, desde o início da década de 1960, e aderir à febre dos festivais de música, que se constituiriam, então, em uma das maneiras mais eficazes para alcançar o grande público, a mídia e as gravadoras.
Através das novas canções a dupla iria valorizar o sotaque regionalista, o baianês, mas também desenvolver um estilo de letra de música bastante impregnado de expressões da linguagem mais culta.
É quase impossível falar de  AC & Jocafi sem citar o nome do poeta  Ildásio Tavares, colaborador da dupla em muitos trabalhos e, portanto, alguém que sabia contar muitos detalhes dos acontecimentos, meandros dos festivais e histórias pessoais, envolvendo a dupla.
Ildásio, que conheceu Antonio Carlos na condição de competidor, - apresentado por seu parceiro Luis Berimbau, quando juntos participavam no Festival da Excelsior -, logo estaria fazendo parcerias com Antonio Carlos, contribuindo para o projeto do LP Apolo 11, com a cantora Maria Creuza, na JS Gravações.
Neste long-play, quase um trabalho autoral, todas as músicas são de Antonio Carlos Pinto: algumas em parceria com Ildásio e uma delas, a faixa-título, composta com Ildásio e Luis Berimbau.
Jocafi se aproximaria um pouco mais adiante e, depois de formar dupla com Antonio Carlos, os dois já não mais trabalhariam individualmente como compositores ou intérpretes. A parceria não mais seria desfeita, mantendo-se ininterruptas a amizade, a criação e a afinidade musical.
Para melhor compreender a participação de cada um na história revelada através das músicas, dos discos e dos festivais, estabeleceremos uma partição de cunho meramente didático. Interessa-nos analisar um pouco a gênese das composições e o estilo individual de cada um dos dois músicos, principalmente na sua fase inicial, antes de consolidarem o formato que lhes garantiria sucesso por um bom tempo, sintetizado na música Você Abusou, que alcançou a marca de mais de 200 regravações em diversos países.

ANTONIO CARLOS MARQUES PINTO, O "VIEIRA"
Antonio Carlos Marques Pinto - 24/10/1945

Nasceu no Alto da Silveira, bairro do Garcia, em Salvador. Aproximadamente em 1955, sua família mudou-se para o Rio Vermelho. Como não poderia deixar de acontecer, Antonio Carlos, que desde cedo já se interessava por música, (tocando um pouco de piano, violão e já começando a compor) aproxima-se da nata da musicalidade que ali morava ou que frequentava o bairro, famoso pela boemia, pelas suas tradições e pelos seus moradores ilustres. Com o tempo, o jovem músico adquire prática e, transforma-se em guitarrista de orquestra, passando a tocar com o maestro Carlos Lacerda, em clubes e boates de Salvador. E justamente tocando em uma festa, no Clube Português, é que conhece Maria Creuza. Cantora, também iniciando sua carreira artística, logo viria a ser o par constante do compositor, tornando-se sua musa e principal intérprete. 

O historiador Ubaldo Marques Porto Filho, autor do livro Rio Vermelho, (AMARV, 1991) foi contemporâneo de Antonio Carlos, colega de estudos e brincadeiras,  na época em que este tinha 13 anos de idade. É no livro que ele conta:
"O Antonio Carlos, ou simplesmente Vieira, como todos o chamavam, inclusive seus familiares (era um apelido adquirido na infância) [...] tinha cinco anos de idade quando seus pais se mudaram para o Rio Vermelho, ocupando a casa nº 27 (atual 222) da Rua Lucaia. [...]
A prioridade número um do Vieira era a música. Vivia andando para baixo e para cima com um violão e em qualquer aglomerado ficava dedilhando o instrumento e cantarolando músicas desconhecidas, de sua autoria, contrariando um hábito de qualquer iniciante" [...]

Conjunto O Barquinho. À direita, o guitarrista Antonio Carlos Pinto.
Detalhe: a decoração do bumbo da bateria, ilustra o nome do conjunto.
Fonte: Ubaldo Porto Filho, Rio Vermelho, 1991.

"Vieira era um amador com espírito de um verdadeiro profissional. A música era talvez a única coisa que realmente levava a sério. [...] Iniciou a carreira profissional no conjunto O Barquinho, tocando guitarra, e onde pontificavam outros jovens do Rio Vermelho, tais como o seu cunhado e baterista Evandro, o pianista Toninho Lacerda e o cantor João Só. Depois, aproximou-se e fez uma sólida amizade com o maestro Carlos Lacerda, passando a ser guitarrista na sua orquestra. Na verdade, Lacerda exerceu influência decisiva no futuro do jovem artista, pois foi através dele que passou a se enturmar no ambiente musical de Salvador. [...] 
Vieira pensava em termos altos, em vôos ousados e como enxergava longe, verificou logo que permanecendo em Salvador nunca atingiria o estrelato nacional. [...] Arrumou as malas e foi tentar a sorte em São Paulo, levando Maria creuza, que foi defender uma música sua no Festival da Record, em 1967. Mas "Festa de Alaketo" não chegou às finais e ele permaneceu anônimo na multidão. [...] Em 69, desanimado, resolveu voltar a Salvador para reformular seus planos. " - Vou voltar para vencer e ficar. Você verá." [...] 
Logo depois Vieira estaria voltando novamente para o centro das grandes decisões [...] Todavia, desta feita não foi para trabalhar sozinho, como da vez anterior. Havia feito parceria com Jocafi, outro jovem que também estivera no sul sem conseguir saldos positivos. Ocasionalmente, de um encontro nos estúdios da Gravadora JS, em Salvador, e praticamente sob a inspiração de Carlos Lacerda e Ildásio Tavares, presentes naquele dia, nasceu a união entre os dois. A nova dupla, ainda em 1969, participou do Festival da Record e do Festival Internacional da Canção, no Rio de Janeiro, em 1970. 
No FIC do ano seguinte veio a consagração com a dupla obtendo o 2º lugar com a música Desacato". [...] 
Ubaldo Marques Porto Filho (4)

PRIMEIRA COMPOSIÇÃO: ENTERRO DA IYALORIXÁ

Trecho de depoimento de Antonio Carlos a Aramis Millarch (1975)
"Enterro da Iyalorixá... essa foi a primeira música que eu fiz... que eu não gravei, mas considero das mais bonitas..."
Antonio Carlos Pinto (5)

Enterro da Iyalorixá (Antonio Carlos Pinto), conforme relato de Ildásio Tavares, foi inspirada, entre outras motivações, em uma crônica que Antonio Carlos havia lido, do escritor Vasconcelos Maia.

[...] "Em suas "Crônicas de candomblé", compõe Vasconcelos Maia um cântico em prosa para "Mãe Senhora", Dona Maria Bibiana do Espírito Santo, ialorixá do Ilê Axé Opô Afonjá, que foi, durante os últimos anos 50 e 60, a mais famosa mãe-de-santo da Bahia." [...] (6)

Enterro da Iyalorixá seria gravada em 1977, no segundo LP do trio Os Tincoãs, com um belíssimo arranjo e excelente interpretação de Dadinho, Mateus e Badu, incluindo um trecho declamado por Adelzon Alves.

LP Os Tincoãs/1977 - RCA Victor 103.0207

  Enterro da Iyalorixá
Composição: Antonio Carlos Pinto
Interpretação: Os Tincoãs

Morreu Iyalorixá
Mãe de santo
Do Axé do Opô
Do Opô Afonjá
(bis)
Será foi ebó pra Iyá
Inda ontem fez santo pra Xangô
Hoje segue deixando tristeza
No seu reino que ficou
Foi doença de branco, Xangô falou
Diz alguém do Axé bem informado
Iyalorixá não pega ebó
Senhora tem corpo fechado
Quem terá seu trono de mistério
Quando jogar edilogum Xangô dirá
Chegará outra iyalorixá
Pra mandar, pra dizer, pra reinar (3x)
Orixás velam seu sono
Segue o ritual nagô
E ao som de atabaques
Iyalorixá descansou (3x)

Ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô

(Declamado):
Morreu Senhora. Morreu Maria Bibiana do Espírito Santo. Senhora governou durante anos o mundo mágico e complexo do candomblé. Reúnem-se os Obás e os Ogãs para conduzir Senhora à sua última morada. Tem início o ritual nagô. Ouve-se a voz do pai de santo elevar-se em língua Yorubá. O caixão solto no ombro dos obás segue. Três passos pra frente, três passos pra trás (repete, com o coro, acelerando).

OS FESTIVAIS: FESTA NO TERREIRO DE ALAKETU - PRIMEIRO SUCESSO


No Terceiro Festival de MPB da TV Record-SP, Antonio Carlos Pinto concorreu com várias composições, das quais uma seria selecionada: Festa no Terreiro de Alaketu, música também fundamentada nas raízes baianas, inspirada pela Iyalorixá Olga do Alaketo. 
Interpretada pela cantora Maria Creuza, a canção se tornaria sua grande oportunidade de reconhecimento profissional, e também o primeiro sucesso de Antonio Carlos Marques Pinto como compositor. Contudo, a canção foi prejudicada pelo embate ocorrido entre seu autor e algumas figuraças do meio artístico na época, acarretando sua desclassificação no festival e, até mesmo, um inevitável recuo na carreira de Antonio Carlos e da própria Maria Creuza, já bem engrenada no sul do país.
O episódio da desclassificação de Festa no Terreiro de Alaketu, conforme as palavras de Marcos Napolitano:
[...] "A exclusividade de contrato de intérprete, uma das condições de participação no festival, também gerou muitos conflitos. Um deles assumiu ares de polêmica, ganhando as manchetes dos jornais. Envolveu a cantora Maria Creuza, estreante de muito potencial no mercado, o compositor Antônio Carlos Pinto (autor da composição Festa no Terreiro de Alaketu que seria defendida pela cantora), Maurício Lima, procurador dos dois e o poderoso empresário Marcos Lázaro. Os dois artistas, o compositor e a cantora já haviam assinado contrato com a Odeon por dois anos, e se sentiram coagidos pela emissora e pelos organizadores do festival que, segundo eles, exigiram exclusividade no contrato com os artistas, arvorando-se como “donos” da MPB. Para Paulo Machado de Carvalho, a contratação de Maria Creuza era um “direito” da Record, que a trouxe da Bahia e a promoveu. Marcos Lázaro, por sua vez, negou a exigência de Maurício de Lima que solicitava a contratação do compositor Antonio Carlos, o que fugia à política da emissora. O conflito chegou a tal ponto que foi vislumbrada a possibilidade de exclusão da música defendida por Maria Creuza. “Mais protestos contra o festival”. FSP, 28/09/67." [...]
Marcos Napolitano (7)
 
O mesmo episódio, descrito por Ildásio Tavares:
[...] "Festa no Terreiro de Alaketo deslumbrou a galera paulista da Record que operava assim: chegando uma fita com música de qualidade, principalmente um porradão, a Record escolhia um intérprete do seu elenco (cast) para defender a música, já sabendo que este intérprete chegaria à final, seria lançado e faria sucesso. Tinha sido assim com todos os vencedores do Festival da Record e seus intérpretes contratados pela emissora. No caso da canção baiana, ela seria o trampolim de Maria Creuza. E tudo teria ocorrido na santa paz do sucesso se um empresário abilolado não tivesse estragado tudo. A bola dos dois baianos estava tão cheia que a Record alugou um apartamento para eles nada menos do que na Rua Augusta e o fiador do apartamento era o próprio Paulo Machado de Carvalho.
Já estavam agendados na Odeon dois LPs, um de Antonio Carlos e outro de Maria Creuza. Tudo estava preparado para lançar os dois, [...] ao saber da classificação de Festa no Terreiro de Alaketo e sua posição nas eliminatórias, [um empresário golpista] meteu na cabeça de Antonio Carlos que estavam fazendo armação contra eles e que ele devia denunciar Marcos Lázaro, o mais poderoso de todos os poderosos empresários do Brasil. Antonio Carlos foi aos jornais e mandou bala em Marcos Lázaro. Resultado, Marcos Lázaro pediu a cabeça dele e foi-lhe dada numa bandeja. Festa no Terreiro de Alaketo foi desclassificada [...] a Odeon cortou os discos e os dois voltaram para a Bahia para disputar o Festival do Samba da JS gravações cumulados de promessa por Jorge Santos um fã incondicional de Maria Creuza. E quem ganhou o Festival do Samba foi Jocafi." [...]
Ildásio Tavares (8)


1967 - LP 3º Festival da Música Popular Brasileira - Vol.3 - CBD/Philips R 765.016 L

(Músicas da 3ª eliminatória)

FAIXA:
Lado B
5. Festa no Terreiro de Alaketu (Antônio Carlos Pinto)
Intérprete: Mércia Marques Pinto [Maria Creuza]

Festa no Terreiro de Alaketu
Composição: Antonio Carlos Pinto
Interpretação: Mércia (Maria Creuza)

Eparrei Iansã, eparrei
Ora iê iê ô

Atabaques batendo no Terreiro de Alaketu

Tem sangue quente de galo
Sacrifício de carneiro
Iansã tem comida e água nova
Tem festança no terreiro

A Exú se deu o padê
Nosso santo mensageiro
Alabês elevam gritos
Orixás descem ao terreiro

Desce Ogum, santo guerreiro
Oxóssi também desceu
Entre vento e tempestade
Iansã apareceu


1967 - Festa no Terreiro de Alaketu (Antonio Carlos Pinto) é incluída no 3º Festival de Música Popular Brasileira, da TV Record-SP, interpretada por Maria Creuza. (No LP com as canções classificadas, o crédito da gravação é da cantora Mércia). 

1967 - Maria Creuza grava seu primeiro compacto simples, com Festa no Terreiro de Alaketu, e Abolição, ambas composições de Antonio Carlos Pinto.
Este single foi o primeiro registro individual da cantora em disco, que na Odeon gravou apenas compactos.

1967 - Maria Creuza - Compacto simples - Odeon BRCO 40.521
FAIXAS:
1. Festa No Terreiro de Alaketu (Antônio Carlos Pinto)
2. Abolição (Antônio Carlos Pinto)


 Festa no Terreiro de Alaketu
Composição: Antonio Carlos Pinto
Interpretação: Maria Creuza

OS FESTIVAIS: PRESENTE DA MÃE D'ÁGUA 

1968 - I Festival Nacional de MPB - O Brasil Canta no Rio (TV Excelsior)
Buscando mais uma vez inspiração no candomblé, Antonio Carlos Pinto retoma a temática afro-baiana em sua composição, o que se evidecia na letra e na rítmica da música Presente da Mãe D'Água, numa referência à festa do dia Dois de Fevereiro, no Rio Vermelho - o Presente de Yemanjá. Como um legítimo seguidor de Dorival Caymmi. Aliás, Ildásio, em depoimento à estudiosa Ayeska Paulafreitas, afirmou que Antonio Carlos e Jocafi foram chamados "os herdeiros de Caymmi". (9)

1968 - LP do I Festival Nacional de MPB - O Brasil Canta no Rio - Odeon MOFB 3.549
FAIXA:
Lado 1
4. Presente da Mãe D'Água (Antonio Carlos Pinto)
Intérprete: Maria Creuza
Orquestração: Maestro Orlando Silveira


Presente da Mãe D'Água
Composição: Antonio Carlos Pinto
Interpretação: Maria Creuza

Lá do Largo de Santana
Barcos partem para o mar
Hoje é 2 de fevereiro
Festa de Yemanjá

Odôiá ê, odôiá ê
Todos salvam mãe sereia
De espada e abebê

Segue em frente a procissão
Neste barco vai Maria
Vai Antonio, vai João
Vai no leme o velho Neco
Governando a embarcação
Neste outro seguem flores
Para as ondas enfeitar
E fazer leito de rosas
Pra Dandalunda deitar

Mil presentes
Tudo pro fundo do mar
Tudo pro reino encantado
Onde reina Yemanjá

Diz a lenda do lugar
Que é nas águas do Rio Vermelho
Que o mar se faz espelho
Pra Janaina se olhar
Yaôs entoam cantos
Cantos próprios do lugar
Na praia o povo cantando
Velas brancas voltando
Vê-se a festa terminar

Ê fi lá lá ê ô
Lê lê ô á
Abadô yê yê ô


1968 - Maria Creuza - Compacto Simples Odeon BRCO 40.577


FAIXAS:
1. Padê (Antônio Carlos Pinto)
2. Não Vou Mentir (Antônio Carlos Pinto / Roberto Corte Real)


Maria Creuza: Padê (Antonio Carlos Pinto)  

OS FESTIVAIS: ABOLIÇÃO
  
LP I Festival do Samba na Bahia - JS Discos JLP 9001 (S/D)
FAIXA:
11. Abolição (Antônio Carlos Pinto)
Intérprete: Maria Creuza (neste disco, como Rosa Virgínia)
Rosa Virgínia (Rosa da Bahia), nome tomado de empréstimo a uma irmã de Antonio Carlos. Um detalhe: por questões contratuais, a gravadora Odeon não apenas negou a autorização, mas rompeu o contrato com a cantora Maria Creuza após a gravação do LP Apolo 11, na gravadora baiana (JS Discos). 
Abolição
Composição: Antonio Carlos Pinto
Interpretação: Maria Creuza [como Rosa Virginia]
I Festival do Samba na Bahia - JS Discos JLP 9001

PRIMEIRO DISCO AUTORAL: APOLO 11, COM MARIA CREUZA
Antes dos primeiros compactos na Odeon, Maria Creuza já havia gravado diversos jingles na JS Estúdios, em Salvador (onde também trabalhou como secretária). Por sua vez, Antonio Carlos, já tocando como guitarrista com o maestro Carlos Lacerda, (músico, maestro e arranjador da JS), conseguiu sensibilizar com suas composições ao  dono da gravadora, Jorge Santos, que  já apreciava a voz de Maria Creuza. Daí surgiu a idéia de juntar as duas coisas em mesmo LP, para o qual o maestro Lacerda fez os arranjos, sendo incluídas algumas parcerias com o poeta baiano Ildásio Tavares. 
O disco, atualmente raridade, teve distribuição muito restrita, vendido apenas na Bahia e pelo reembolso postal. Registro importante da fase incial do compositor Antonio Carlos Pinto, já revelava Maria Creuza como uma grande intérprete. Registro, aliás, datado, coincidindo com o a chegada dos astronautas americanos na Lua a bordo da nave espacial Apolo 11, em julho de 1969, donde o título do LP e da faixa de abertura.
1969 - LP Apolo 11 com Maria Creusa - JS discos JLP nº 9004 -Série: Bahia de Todos os Sons
Capa do LP Apolo 11 com Maria Creuza - JS Discos


1. Apolo 11 (Antonio Carlos Pinto / Ildásio Tavares / Berimbau)
2. Se Não Houvesse Maria (Antonio Carlos Pinto)
Interpretação: Maria Creuza 

Texto de Ildásio Tavares na contracapa de Apolo 11
(fizemos a atualização ortográfica, mantendo o estilo e a diagramação do texto)

"RECEITA PARA UM LP
Pegue-se um jovem compositor, digamos,
ANTONIO CARLOS PINTO, e mais 
alguns parceiros como nós
e o amigo BERIMBAU. Agora
adicione-se uma VOZ
bem afinada.
limpidez de som em melodia.
e ponha tudo em banho
MARIA (CREUZA, com certeza).
na fervura de um maestro
que é LACERDA.
(acompanhar com o tempero de uma flauta.
                                                            FlauTUZÉ)
pois é:
depois de bater bem
(na bateria)
de preferência TUTI, sacudir
com MIGUEL (na cabaça ou afoxé)
mais  pitadas de contrabaixo à MOACIR.
Feito assim
MESTRE COUTINHO  leva ao forno JS
e dá o ponto.
Pronto.
Temos sabores sabores especiais
sabor de freco, samba, marcha-rancho
e até sabores espaciais.
tudo de infusão com molho de talento.
gosto final.
muito legal.
de ritmo bem brasileiro.
ILDAZIO TAVARES"

FAIXAS:
LADO A
01. Apolo 11 (Antonio Carlos Pinto / Ildásio Tavares / Berimbau)
02. Se Não Houvesse Maria (Antonio Carlos Pinto)
03. Moderninha (Antonio Carlos Pinto)
04. Bloco da Quarta-feira (Antonio Carlos Pinto)
05. Meu Mundo É Você (Antonio Carlos Pinto)
06. Andarilho (Antonio Carlos Pinto)
LADO B
01. Fim de Semana Lunar (Antonio Carlos Pinto / Ildásio Tavares)
02. Restos de Luar (Antonio Carlos Pinto / Ildásio Tavares)
03. Meu Frevo (Antonio Carlos Pinto)
04. A Rosa E A Paz (Antonio Carlos Pinto)
05. De Esperar (Antonio Carlos Pinto)
06. Você e Eu (Antonio Carlos Pinto / Ildásio Tavares)

Músicos:
Maria Creuza (Voz)
Tuzé Abreu (Flauta)
Tuti (Bateria)
Miguel (Percussão)
Moacir (Contrabaixo)
(Os créditos para o violão não são registrados, assim como para o piano)
Arranjos: Carlos Lacerda


JOSÉ CARLOS FIGUEIREDO, O JOCAFI
José Carlos Figueiredo - 21/12/1944
Nasceu no bairro de Cosme de Farias, em Salvador.
A história de Jocafi não difere muito da de Antonio Carlos. Ambos gostavam de futebol, ambos aprenderam a tocar o violão de rua, sendo que Jocafi teve a oportunidade de ser pupilo-admirador de Codó, o bem sucedido violonista, compositor e intérprete baiano.
A experiência musical de José Carlos começaria já desde a infância, quer jogando pelada na rua e escutando o som do serviço de alto-falante, que transmitia a música popular da época, (Waldick Soriano, Lucho Gatica, Bienvenido Granda, Trio Irakitan) quer ouvindo sua mãe cantar as músicas antigas de Noel Rosa, Ismael Silva, etc. Ainda adolescente, José Carlos começa a frequentar com assiduidade o Mercado Modelo, - a "Meca" da música baiana na época -, assimilando os batuques, a capoeira e os sambas-de-roda, (cuja estrutura seria essencial no seu trabalho criativo) e a cultura da "batida de limão". As serestas lhe atraem mais que os estudos, porém graças à boa formação familiar, consegue conciliar trabalho, estudo e boemia.
Jocafi não deixaria o convívio com os sambistas no Mercado Modelo, (nem mesmo na época em que já atuava em programas de TV, tocando guitarra/violão com Antonio Carlos, que tocava piano, Evandro, bateria e Luis Berimbau, o baixo). Para ele, era importante "beber na fonte", e ali estavam Camafeu de Oxossi, Chocolate da Bahia e tantos outros. Ali, como o próprio Jocafi relata, era o ponto de encontro e o local onde os compositores sabatinavam, apresentando em primeira mão suas novas músicas. Isso iria motivar uma das primeiras composições da dupla que formará mais tarde com Antonio Carlos: Mercado Modelo, que contou também com a participação do letrista Ildásio Tavares. Foi através do maestro Carlos Lacerda que Jocafi conheceu Antonio Carlos. Mas cada um tinha ido para o seu lado. Era época de batalhas individuais. E como as batalhas eram travadas principalmente em festivais de música, logo Jocafi estaria no Brasil Canta no Rio, competindo com Antonio Carlos. Sua primeira composição, a música Menina do Tororó, tem a autoria compartilhada com Alberto Pinheiro. Nesta música, única escolhida dentre três, submetidas por José Carlos Figueiredo para concorrer nas eliminatórias do festival O Brasil Canta no Rio, da TV Excelsior (1968) pela primeira vez assinava como Jocafi. A partir daí, deixaria de registrar suas composições como José Carlos Figueiredo, passando a adotar o bem sucedido nome artístico.

1968 - Festival da Excelsior - O Brasil Canta no Rio: Presente da Mãe D'Água (Antonio Carlos Pinto) e Menina do Tororó (Jocafi) vão até a final. Tudo indica que esta composição de Jocafi não chegou a ser documentada em fonograma, embora tenha agradado ao escritor Jorge Amado, que afirmou:
 [...] "Não conheço Jocafi pessoalmente, mas votei em composição sua, linda cantiga do Tororó, num festival do qual, ao lado de Caymmi e de Cyva Leite de Oliveira, fui juiz" [...]
Jorge Amado, no livro Bahia de Todos os Santos. (10)

I FESTIVAL DO SAMBA NA BAHIA - D'ANGOLA Ê, CAMARÁ

I Festival do Samba na Bahia - JS Discos

1968 -?- - No I Festival do Samba na Bahia, Jocafi classificou duas músicas. D'Angola Ê Camará, um tema adaptado de uma cantiga de capoeira: Paranauê.
Ele inscrevera: Retorno, (com Alberto Pinheiro) Morte do Amor, (com Alberto Pinheiro) e  D'Angola Ê Camará (com Geraldo Magela Cantalice Júnior)
 
Retorno
Composição: José Carlos Figueiredo / Alberto Pinheiro
Interpretação: Carlos Gazineo e Sue Safira

(Carlos)
Tô pra morrer de saudade
Da minha São Salvador
Vim pra rever a cidade
E abraçar meu amor

Vim ver mulato capoeira
Morena samba sambar
Sambas de rodas, terreiros
Vim ver meu céu, ver meu mar

(Sue)
Filho que volta de longe
As boas vindas vou dar
Você que vem de outras terras
Que é que me tem pra contar

(Carlos)
Volto de céus de outras terras
Volto de mundos, cidades
Volto de mil desenganos
De amores muitos, saudades

Saí sorrindo e cantando
Como quem sai pra vencer
Hoje retorno contando
Tudo que vi pra dizer

Eu palmilhei ponta a ponta
A terra que Deus me deu
Do mundo fui pedir conta
Dos erros que cometeu

As minhas mãos são adagas
De muitas lutas vencidas
Volto do tudo e do nada
Mas trago a cabeça erguida

(Sue)
Bem sei que o mundo lá fora
Não é de todo sofrer
Tristeza aqui também tenho
Pra dar, trocar e vender
Mas hoje que você volta
Vamos de tudo esquecer


Vem pro Mercado Modelo
Vem abraçar a Bahia
Esquece a guerra que o samba
Faz retornar a alegria
E neste samba de roda
Vamos raiar com o dia

Naquele festival, Jocafi competia com Carlos Lacerda, Tião Motorista (Raimundo Cleto), Jairo Simões e com o seu rival Antonio Carlos Pinto, que retornava com Maria Creuza de São Paulo para também participar, inscrevendo duas músicas: Abolição e Roda de Samba.
Morte do Amor 
Composição: José Carlos Figueiredo / Alberto Pinheiro
Intérpretação:  Carlos Gazineo e Inema Trio

Estou aqui em nome da tristeza
Canto a certeza de que o amor morreu (bis)

E enquanto viveu 

A todos se deu
Lutou e sofreu 

Ninguém compreendeu
E até esqueceu

Cansaço venceu
Por isso é que o amor 

Morreu

Num dia cinzento 

Sem vida nem vento
No ar sofrimento

Sequer um lamento
Um só pensamento 

De vida ou alento
No dia que que o amor 

Morreu
(Refrão)
Não havia espanto nem de dor um canto
Pra provar num pranto quanto o amor valeu
Não tinha Maria nem o amor queria
Que Maria visse quando ele morreu
(Refrão)
E agora o meu canto 

Perdeu todo encanto
É só de tristeza 

E até a tristeza
Ficou com certeza 

Mais triste depois que o amor 
Morreu

Morte do Amor
Solista: Carlos Gazineo
Acompanhamento vocal: Inema Trio (Toninho, Douglas e Expedito)
Arranjo: Carlos Lacerda
Esta música possui gravações de Agostinho dos Santos, (1970) Carlos Lacerda, (versão instrumental, S/D) Nelsinho do Trombone, (1970) Antonio Carlos & Jocafi, (1971) Pery Ribeiro, (1972) Salinas (1972). 
No entanto, nem  a gravação feita pela dupla se tornria sucesso, apesar de ser uma das mais belas produções do compositor Jocafi.
D’Angola Ê, CamaráD'Angola Ê Camará venceria o I Festival do Samba na Bahia, se não houvesse o empate de pontuação com a música defendida pelo Inema Trio, Alagados, de Antônio Carlos Pereira (Tom da Bahia) e Edigildo Pereira. O desempate foi por sorteio, vencendo a canção Alagados.
É interessante observar que, embora disputando o festival com uma composição de um membro do conjunto, os rapazes do Inema Trio estavam defendendo outras músicas concorrentes, como era o caso de Maria, (Carlos Lacerda) Samba do Mercado (Jairo Simões) Roda de Samba (Antonio Carlos Pinto) e, junto com o cantor Carlos Gazineo, Morte do Amor (Jocafi / Alberto Pinheiro).

Em 1977 - D’Angola Ê, Camará seria regravada no LP Louvado Seja, da dupla Antonio Carlos e Jocafi, praticamente com a mesma roupagem da interpretação original (I Festival do Samba na Bahia).
Antonio Carlos & Jocafi - LP Louvado Seja/1977

D'Angola É, Camará
Composição: Jocafi / Geraldo Magela Cantalice Júnior
Interpretação: 
1. José Carlos Figueiredo (Jocafi)
2. Antonio Carlos & Jocafi

Camará donde é que vem, camará?
D'Angola, Ê
D'Angola, Ê Camará

Ô de lá, de onde vem?
Vim de Angola, camará
De mar-além
Trago o batuque
E o Candomblé
Capoeira na ginga, do corpo ou da sorte
Na luta de vida ou de morte
Que é luta de nêgo valente
Que eu trago de Angola pra cá
E trago de Angola os costumes
Do sonho um sorriso de Obá
Que o samba nasceu do batuque
Que eu trouxe do lado de lá
E trago no peito a esperança
E trago comigo o perdão
E trago essa cor que me orgulha
Quer você goste quer não
Mas, ô de lá, de onde vem?
Vim de Angola, camará
De mar-além
Por mar-caminho de esperança
Pelourinho, chicote me corta profundo
Lapadas, de ódio bem fundo
Eu vim pra ficar nesse mundo
O preço meu sangue pagou
Dei vida e suor pela terra
Sofri mil tormentos de quem
Juntei-me lutei, liberdade
E agora ela é minha também
E a luta é maior nesse instante
Guerreiro da terra que sou
Pra mim essa luta é constante
Há muito que já começou




ANTONIO CARLOS & JOCAFI, A DUPLA
Da esquerda para a direita: Antonio Carlos (03 anos) e Jocafi (02 anos)

CATENDÊ - TRAÇO DE UNIÃO DA DUPLA


Através do relato de Ildásio, constatamos que essa música terminou unindo dois músicos até então adversários: Antonio Carlos e Jocafi, ("traço de união da dupla", nas palavras de Ildásio).

A canção Catendê foi elaborada a partir do refrão de um cântico religioso do candomblé Angola (Kimbundo).
Onias Camardelli, (Onias Comenda) aluno do Mestre Bimba e estudioso da cultura banto e da música de raízes africanas, interessou-se pela cantiga do orixá Catendê, (que corresponde a Ossain, na nação Ketu) e propôs a Jocafi desenvolver uma composição. A letra foi escrita pelo poeta Ildásio Tavares, que relata como tudo aconteceu:
[...] "Numa sexta-feira, quando acabei a aula e saí, deparei com Jocafi, um compositor, rival, sorrindo pra minha cara. Ele queria que eu fizesse letra para um tema dele que ninguém conseguira letrar na Bahia, a fim de inscrever a canção no Festival do Nordeste. Eu lhe perguntei quando se encerravam as inscrições e ele disse,  amanhã. Amanhã? Amanhã até meio-dia. E que hora eu iria faze a letra? Agora, ele disse. Fomos pra casa de Vieira, apelido de Antonio Carlos e eu fiz a letra. Tiramos a maior nota das eliminatórias. Na final um verdadeiro complô, liderado por Carlos Lacerda com quem Antonio Carlos tinha brigado. Derrubou a canção associado com uma posição estúpida de uma folclorista que foi ao júri da final e afirmou que era contra se usar folclore na música popular. Catendê, a música, usava um refrão de cântico religioso  de Angola." [...]
Ildásio Tavares (11)

1968(?) - A música Catendê, composta por Jocafi, Onias Camardelli e Ildásio Tavares, é classificada no I Festival Nordestino de Música Popular.

Junho 1969 - Festival do Nordeste traz a união de Antonio Carlos e Jocafi,  através de Ildásio Tavares. É quando Jocafi lhe pede uma letra, para participar do I Festival Nordestino.
Essa música, que iria até a final, foi defendida por Maria Creuza, e a futura dupla, tocando violão. Estava formado o grupo (quarteto).

I Festival Nordestino de Música Popular - (Diários Associados do Nordeste - TV Itapoan)
1º Lugar: Poema do Chapeuzinho Vermelho (Alcyvando/Jairo Simões)
3º Lugar: empate entre Catendê e Moinho de Vento (Mário César). Este desempate foi por sorteio, ganhando Moinho de Vento, que levou o terceiro lugar em Recife, na interpretação de Carlos Gazineo e José Emmanuel.

Catendê, que chegou até à etapa final do Festival da Record (1969), defendida pelo grupo Os Caçulas, foi desclassificada após denúncia de haver sido apresentada em público anteriormente, no Nordeste:

[...] "Eu estava em Los Angeles numa missão cultural quando recebo o telegrama de minha irmã. Ednalva. “Catendê classificada Festival Record apresenta-se este sábado”.
Corri para Varig e achei vôo no dia. Chegando um pouco antes do Festival. Fui direto do aeroporto para o Teatro Record, surpreendendo os meninos. Catendê foi defendida por um grupo de adolescentes, hoje desaparecido Os Caçulas e foi classificada com a nota mais alta desta eliminatória. A letra mereceu uma referência de Maysa: é um verdadeiro poema. Quando todos esperavam que Catendê ganhasse o festival, ela foi denunciada em seu ineditismo por um delator de Recife, Antonio Carlos Cabral de Melo e foi desclassificada, com total prejuízo de nossos sonhos. Um saldo positivo ficou. A dupla Antonio Carlos e Jocafi que nasceu do trio eu e eles dois, já compondo juntos naquela época. Isso foi final de 1969. Final de fevereiro de 1970 tive que fugir do país porque era da luta armada e tinham prendido Amilcar Baiardi meu chefe, este  podia falar, o que alias não fez. Mas tive que ir embora. Na minha ausência, a dupla se consolidou, como era e destino natural, os dois músicos, os dois cantores, os dois letristas." [...]
Ildásio Tavares (12 )



A canção se tornaria uma das prediletas do poeta Vinicius de Moraes, que a incluiu no repertório da turnê e do LP realizados com Toquinho e Maria Creuza.


Após a participação de Catendê, - composição de Jocafi/Camardelli/Ildásio no V Festival de Música Popular Brasileira (TV Record, 1969) -, viria o início da trajetória de Antônio Carlos e Jocafi em termos nacionais com a participação de Desacato, composição exclusiva da dupla, classificada em segundo lugar no VI Festival Internacional da Canção , cuja vencedora foi a música Kyrie, (Paulinho Soares/Marcelo Silva) defendida pelo Trio Ternura (1971).

Catendê (Canto de Segredo e de Procura)
Composição: Jocafi / Ildásio Tavares / Onias Camardelli
Interpretação: Os Caçulas

Meu Catendê dilá digina
Luandê, meu Catendê

Varre a voz o vendaval
Perdido no céu de espanto
Meu barco fere a distância
No disparo da inconstância
Me encontrei sem esperar
Quanto mais o tempo avança
Mais me perco neste mar
E no rumo do segredo
Caminhei todo o caminho

Hei lá, hei lá
Maré brava, maré mansa
Hei lá, hei lá, hei lá
Vou na trilha da esperança
Hei lá, hei lá
Vou no passo da alvorada
Hei lá, hei lá, hei lá
Mar, amor e namorada

De segredo e de procura
Fiz do medo meu amigo
E de força sempre pura
O meu canto se encontrou
Hei lá, hei lá
E no fim da jornada
Hei lá, hei lá
Vi meu canto crescer
Há tanto escuro na estrada
Esperando o sol nascer
Hei lá, hei lá
Vou cantar pela vida
Hei lá, hei lá
O meu canto de amor
Há tanta dor escondida
Tanto canto sem cantor 

V Festival da Música popular Brasileira - RCA Victor LCD 1214
1969 - V Festival da Música popular Brasileira
15/11/1969 - 1ª Eliminatória
Catendê  (Jocafi / Onias Camardelli / Ildázio Tavares)
Intérpretes: Os Caçulas
6/12/1969 - Final
Catendê (Jocafi / Onias Camardelli / Ildázio Tavares
Intérpretes: Os Caçulas

1969 - LP V Festival da Música Popular Brasileira - RCA Victor LCD 1214
Vários Intérpretes
FAIXA:
A2. Catendê [Canto de Segredo e de Procura] (Ildásio Tavares / Jocafi / Onias Camardelli)
Intérpretes: Os Caçulas


1969 - LP V Festival da Música Popular Brasileira - As Finalistas - CBD/Philips R 765.101 L
Varios Intérpretes
FAIXA:
Lado A
5. Catendê (Ildásio Tavares / Jocafi / Onias Camardelli)
    Intérpretes: Maria Creuza / Ruy Felipe

Estamos, então, no final do ano de 1969 e Antonio Carlos e Jocafi já estavam compondo juntos.

A PRIMEIRA COMPOSIÇÃO EM PARCERIA

A primeira música foi feita no Axé Opô Afonjá:
Luanda silê...
músicas baseadas em samba de roda
"Queimou Mercado Modelo...
Ê Marina,

A primeira música foi feita no Axé Opô Afonjá:
Luanda silê...

(13)
Ver, mais adiante, em "Maria Creuza - A Grande Intérprete de Antonio Carlos e Jocafi" (1979)

MERCADO MODELO

Essa música, que segundo o mesmo depoimento, foi composta pela dupla no pátio do terreiro do Axé Opô Afonjá, faz referência ao incêndio ocorrido em agosto de 1969, no Mercado Modelo em Salvador. A participação de Ildásio Tavares consistiu provavelmente na complementação da letra.
Maria Odette e Vanusa, são as únicas intérpretes conhecidas dessa música em disco.

1970 - Maria Odette: Compacto RGE S 7” nº CS-70.401
FAIXA:
B. Mercado Modêlo (Antônio Carlos Pinto/Jocafi/Ildásio Tavares) 

   
Mercado Modêlo
Composição: Antônio Carlos Pinto / Jocafi / Ildásio Tavares
Interpretação: Maria Odette

Queimou o Mercado Modelo
Mas não devia queimar
Onde vai morar o samba
Onde é que eu vou morar, ôi

Queimou o céu da Bahia
Queimou o meu violão
O meu Mercado de cinzas
Vai renascer na canção, ôi

E hoje vai minha alegria
No balanço da saudade
Faz-se noite em pleno dia
Morre um canto na cidade, ôi

Adeus menina do samba (Ai, adeus)
Adeus saveiros da rampa (Ai, adeus)
Quem queimou o meu Mercado (Ai, sei lá)
Quem sambou de passo errado (Ai, sei lá)
Onde vai minha seresta (Ai, sei lá)
Onde vai meu povo em festa (Ai, sei lá)

VOCÊ ABUSOU E A ESTRÉIA DA DUPLA EM DISCO

Quando Antônio Carlos escreveu os versos, em 1970, inicialmente Jocafi manifestou uma reação de rejeição, considerando a letra muito dura, especialmente os versos “Que me perdoem se eu insisto neste tema / Mas não sei fazer poema ou canção / Que fale de outra coisa que não seja o amor”.

Jocafi, autor da melodia, na época muito influenciado pela bossa nova, relata que não se sentiu muito emocionado com a letra, e preferia um tema mais sensível, etc. Concluída a música, ainda inédita, eles a ofereceram a alguns cantores, incluindo Wilson Simonal, que não gravou imediatamente, mas a incluiu no seu LP Jóia, Jóia, de 1971 (Odeon MOFB 3702). Neste mesmo ano, Maria Creuza também gravou, (coletânea A Medida do Sucesso - Som Livre SIG 1008) e sua interpretação de Você Abusou ainda seria incluída no LP Minha Doce Namorada (Trilha Sonora da Novela da Rede Globo - Som Livre SIG 1002). Desde o lançamento pela própria dupla, no seu LP de estréia (Mudei de Idéia /1971) a canção já ultrapassou o número de 200 regravações, com versões nos idiomas de diversos países. (14)


1971 -  a dupla Antonio Carlos e Jocafi participa do VI Festival Internacional da Canção com a composição Desacato, obtendo a segunda classificação.

Logo em seguida viria o contrato com a RCA e o lançamento do primeiro LP da dupla Antonio Carlos e Jocafi: Mudei de Idéia (1971 - RCA Victor BSL 1547 e RCA Victor 103.0025)




MARIA CREUZA - A GRANDE INTÉRPRETE DA DUPLA


1970 - Maria Creuza grava com Vinicius e Toquinho a música Catendê

1970 - LP Vinicius de Moraes En "La Fusa" - Con Maria Creuza y Toquinho - Trova (Argentina) XT 80002 
Na realidade, um disco de estúdio. O clima de gravação ao vivo foi obtido com a mixagem das palmas gravadas durante a performance de Vinicius, Toquinho e Maria Creuza na Boate La Fusa, em Buenos Aires - Argentina.
O disco só foi lançado no Brasil em 2000, no formado CD.
Antes dissso, seria lançado pela EMI-Odeon em 1975 na França, porém com uma capa diferente e o título Le Brésil de Vinicius de Moraes avec Maria Creuza et Toquinho.
Pelo menos em uma das versões que encontramos desse álbum, existe a faixa 16, com a música Você Abusou, cantada por Maria Creuza com a participação de Vinicius e Toquinho. (Essa seria, então, a primeira gravação do samba de maior sucesso composto pela dupla em toda sua carreira).

FAIXA:
11. Catendê
    (Antônio Carlos Pinto / Jocafi / Ildásio Tavares)
    Intérprete(s): Toquinho e Vinicius / Maria Creuza
16. Você Abusou (Antônio Carlos Pinto / Jocafi)

Maria Creuza, Toquinho / Vinícius -
Ao Vivo em Buenos Aires /1970 - RGE
1972 - O mesmo fonograma de Catendê foi incluído no LP Eu Sei Que Vou Te Amar, Maria Creuza, Toquinho e Vinicius - CPS RGE 993.0102
Esse disco foi lançado no Brasil pela RGE, após adquirir os direitos da gravadora argentina.
FAIXA:
1. Catendê (Antônio Carlos Pinto / Jocafi / Ildásio Tavares)

Catendê
Composição: Jocafi / Ildásio Tavares / Onias Camardelli
Interpretação: Maria Creuza, Vinícius e Toquinho

1972 - Maria Creuza: LP Eu Sei Que Vou Te Amar - RGE USLP 5355
Outras Edições: RGE 303.0011
FAIXAS:
1. Catendê (Antônio Carlos Pinto / Jocafi / Ildásio Tavares)
    Participação: Toquinho e Vinicius


1973 - Maria Creuza LP Eu Disse Adeus - RCA Victor 103.0077
FAIXAS:
6. Desespero (Antônio Carlos Pinto / Jocafi)
7. Bobo Feliz (Antônio Carlos Pinto / Jocafi)
11. Simplesmente (Antônio Carlos Pinto / Jocafi)
Primeiro LP de Maria Creuza na RCA, (e no Brasil) trazendo de uma só vez três composições de Antônio Carlos e Jocafi. 

1973 - Antônio Carlos & Jocafi LP Antônio Carlos & Jocafi - RCA Victor 103.0082
FAIXA:
11. Um Abraço no Lucien Extensivo ao Edu (Antônio Carlos Pinto / Jocafi)
    Participação: Maria Creuza

1974 - Maria Creuza: LP En Vivo - RCA Victor (Internacional) AVS-4248
Gravado ao vivo no ''Edipo Café Concert'', na Argentina.
FAIXAS:
2. Teimosa (Antônio Carlos Pinto / Jocafi)
    Intérprete: Maria Creuza
6. Você Abusou (Usted Abusó) (Antônio Carlos Pinto / Jocafi / Versão Pepe Ávila)
    Participação: Antônio Carlos e Jocafi
8. Te Quiero (Antônio Carlos Pinto / Jocafi)
9. Porfiado (Teimosa) (Antônio Carlos Pinto / Jocafi / Vrs. ???)
10. Macumba (Antônio Carlos Pinto / Jocafi)
1974 - Antônio Carlos e Jocafi: CPS Antônio Carlos & Jocafi - RCA Victor (Internacional) SPBO-9155
FAIXAS:
1. Você Abusou (Usted Abusó) (Antônio Carlos Pinto / Jocafi / Vrs. Pepe Ávila)
    Participação: Maria Creuza
2. Desacato (Antônio Carlos Pinto / Jocafi / Vrs. Pepe Ávila)
 
1974 - Maria Creuza: LP Sessão Nostalgia - RCA Victor 103.0114
Outras Edições: Série Super Luxo 110.0004
FAIXAS:
7. Sessão Nostalgia (Antônio Carlos Pinto / Jocafi)
8. Desmazêlo (Antônio Carlos Pinto / Jocafi / Ildásio Tavares)
14. Pra Dizer Adeus (Edu Lobo / Torquato Neto)

1974 - Antônio Carlos e Jocafi: LP Definitivamente - RCA Victor 110.0005
FAIXA:
6. Diacho de Dor (Antônio Carlos Pinto / Jocafi)
    Participação: Maria Creuza
V Festival Internacional da Canção




1979 - Maria Creusa grava, com Antonio Carlos e Jocafi, Luanda Silê, a primeira composição feita pela dupla, no final da década de 1960. A música, até então inédita, foi a segunda colocada no Festival Yamaha, em Tóquio.
 
1979 - Compacto Duplo de Maria Creuza - RCA Victor - 102.0267 
FAIXA:
1. Luanda Silê (Antônio Carlos Pinto / Jocafi)
    Intérpretes: Maria Creuza / Antônio Carlos e Jocafi  


OSSAIN (BAMBOXÊ) - OXÓSSI REI


Ossain (Bamboxê) e Oxóssi Rei são outros ijexás da dupla, o primeiro composto com Ildásio Tavares.


Ossain, (Antônio Carlos & Jocafi, Ildásio Tavares) lançado em 1968 - primeiro ijexá.

Ossain (Bamboxê)
Composição: Antonio Carlos Pinto, Jocafi, Ildásio Tavares
Interpretação: 
1.Maria Creuza
 2.Tamba Trio
3. Antonio Carlos & Jocafi
4.Radio Mundi Big Man

Agué, agué
Ialaduiê, evidalá é
É de Luanda

Ewe-o
Ossain, Ewe-o

Bamboxê
Me aguemirô
Aiê-aê
(Antonio Carlos e Jocafi, no  LP Cada Segundo / 1972)

 
Oxóssi Rei
Composição: Antonio Carlos e Jocafi
Interpretação: Antonio Carlos e Jocafi

Salve Oxóssi Okê
Salve Oxóssi o caçador
Salve Oxóssi Okê
Salve Oxóssi o caçador

Salve todos deuses negros
Salve a faceira Oxum
Salve o som dos atabaques
Salve o deus guerreiro Ogum
Salve Olga de Alaketu
Princesa dos Orixás
Salve Didi Assogbá
Salve a roda que se faz
Salve Ondina e Mãe Senhora
Do Axé Opô Afonjá
Salve o Mercado Modelo
Que Camafeu é de lá



(Antonio Carlos e Jocafi, no  LP Trabalho de Base / 1975 - RCA Victor) 
Este disco foi dedicado ao maestro Carlos Lacerda.

A música Oxóssi Rei, aliás, é muito semelhante, no estilo, às composições do álbum Orixás, de Ildásio Tavares e Luis Berimbau, lançado pela SIGLA (Som Livre). Destaque para o côro, no final apoteótico.
Consultar:
http://tempomusica.blogspot.com.br/2010/12/os-orixas-ildasio-tavares-e-berimbau.html


ANTONIO CARLOS E JOCAFI CANTAM JORGE AMADO

1996 - Antonio Carlos e Jocafi: CD Antonio Carlos e Jocafi Cantam Jorge Amado
- BMG Brasil 74321422392

Texto da Ildásio Tavares para o encarte do disco:
"A Voz da Bahia
Toda a terra tem sua voz, seus cantores, que a expressam de dentro para fora, de tal forma que os de fora têm a impressão de que a conhecem; formam uma vívida imagem de sua cultura, sua gente.
A Bahia tem tido seus cantores e alguns destes são eternos.
Conseguiram captar e transmitir sua cultura tão vibrantemente que exercem um fascínio enorme sobre distantes ouvintes. Caymmi encantou a todos; atraiu a todos; com as sonoridades mágicas de Itapuã, do Abaeté, do vatapá, do acarajé, reinventou esta cultura; trouxe gente de longe para ver, degustar e até também cantar a Bahia, como o poeta Vinicius, deslumbrado por Itapuã.
Mas, com o incrível poder de sedução de suas histórias, ninguém expressou tão bem a Bahia quanto Jorge Amado; terra que entendeu como ninguém e retratou como poucos. Atraídos vieram tantos, em busca do mágico esplendor da Bahia. Carybé e Pierre Verger, por exemplo, depois de ler Jubiabá. E da Bahia nunca mais saíram.
Um médico italiano, entusiasmado, me revelou ter vindo a Salvador após ler Jorge Amado e constatou que tudo era como o escritor contara.
E são dois meninos do povo genial da Bahia que, plantados nas mesmas fontes culturais que Jorge Amado, conseguiram melhor que ninguém expressar musicalmente o que Jorge diz na sua ficção, Antonio Carlos e Jocafi. Essa dupla traz nas veias o sangue e o suingue da raça baiana, pintando em suas canções um quadro idêntico ao das histórias de Jorge que já declarou preferir as canções destes meninos, entre todas sobre sua obra, por retratarem melhor o espírito delas. Onde falou o romancista maior, não cabem mais palavras - Antonio Carlos, Jocafi e Jorge Amado são expressões da mesma voz, a voz da Bahia.
Ildazio Tavares"
FAIXAS:
1. Teresa Batista (Antônio Carlos Pinto / Jocafi)
2. Dona Flor e Seus Dois Maridos (Antônio Carlos Pinto / Jocafi)
3. Glorioso Santo Antônio(Antônio Carlos Pinto / Jocafi)
4. Capitães de Areia (Antônio Carlos Pinto / Jocafi / César Machado)
5. Olho D'água (Antônio Carlos Pinto / Jocafi)
6. Malvina (Antônio Carlos Pinto / Jocafi)
7. Gamelera (As Moças) (Antônio Carlos Pinto / Jocafi)
8. Princesa da Noite (Antônio Carlos Pinto / Jocafi)
9. Otália da Bahia (Antônio Carlos Pinto / Jocafi)
10. Jesuino Galo Doido (Antônio Carlos Pinto / Jocafi)
11. Mercador de Vingança (Antônio Carlos Pinto / Jocafi / César Machado)
12. Oração Para Fechar Corpo (Antônio Carlos Pinto / Jocafi / César Machado)
13. Conversa Pra Boi Dormir (Antônio Carlos Pinto / Jocafi / César Machado)
14. Ispirito Santo / Espírito Santo (Antônio Carlos Pinto / Jocafi / César Machado)



Antonio Carlos e Jocafi.
Imagem extraída da Capa do LP Elas Por Elas

(Concepção: Jatobá) - RCA, 103.0261, setembro/1978

REFERÊNCIAS:

(1) Texto de Ildásio Tavares, do prefácio do Songbook de Antonio Carlos e Jocafi, patrocinado pelo Fazcultura. Acessível no link:
[http://escolabaianadecantopopular.files.wordpress.com/2010/08/antonio-carlos-jocafi.pdf]
e:  
[http://antoniocarlosejocafi.com.br/?page_id=2]

(2) Aramis Millarch (1975)
[http://www.millarch.org/audio/maria-creuza-antonio-carlos-jocafi]

(3) Música de Rua de Salvador: preparando a Cena para a Axé Music
Ayêska Paulafreitas
[http://www.cult.ufba.br/enecul2005/AyeskaPaulafreitas.pdf]

(4) PORTO FILHO, Ubaldo Marques. Rio Vermelho. Salvador: AMARV, 1991. pgs. 197-198
(5) Aramis Millarch (1975)
[http://www.millarch.org/audio/maria-creuza-antonio-carlos-jocafi]

(6) [http://www.skoob.com.br/livro/176748/]
(7) Seguindo a Canção - Engajamento político e indústria cultural na MPB (1959-1969)
Marcos Napolitano (Versão digital revista pelo autor)
[http://pt.scribd.com/doc/49477747/39107265-SEGUINDO-A-CANCAO-digital]

(8) Ildásio, Songbook de Antonio Carlos e Jocafi


(9) Ildásio, em Ayêska Paulafreitas, obra citada.

(10) Jorge Amado
[http://antoniocarlosejocafi.com.br/?p=1]


(11) Ildásio, Songbook de Antonio Carlos e Jocafi

(12) Ildásio, Songbook de Antonio Carlos e Jocafi
(13) Jocafi e Antonio Carlos em Aramis Millarch (1975)


(14) Entrevista de Antonio Carlos e Jocafi:
 [http://extra.globo.com/tv-e-lazer/rock-in-rio/autores-de-voce-abusou-antonio-carlos-jocafi-tem-dia-de-estrela-apos-show-de-stevie-wonder-2678453.html]
e:
[http://clubedosentasdecatanduva.blogspot.com.br/2012_03_01_archive.html]

OUTRAS REFERÊNCIAS:
http://acervotambor.blogspot.com/2008/02/maria-creuza-1967.html
http://www.memoriamusical.com.br/ 
http://festivalesdempb.blogspot.com.br/ 
http://discograficasbrasil.blogspot.com.br/
 
Direitos Autorais
Creative Commons License
As postagens deste site/blog estão registradas sob uma licença Creative Commons e podem ser reproduzidas – desde que autorizadas pelo autor e a ele creditadas – sem alterações de forma ou conteúdo.  
Postagem publicada originalmente neste site/blog, em 31 de agosto de 2012, a partir de elaboração do autor e de pesquisas realizadas principalmente na internet, constituídas de coletas de depoimentos e arquivos de imagens, áudio e vídeo cujas fontes são mencionadas e detalhadas. Eventuais cópias de trechos e compartilhamento do conteúdo da publicação são permitidos, desde que citando a fonte e a data de acesso. 
Se você encontrar o conteúdo a seguir inteiramente copiado em qualquer outro endereço na internet ou outra forma de apresentação, saiba que o autor não foi consultado ou não lhe foi solicitado nenhum tipo de autorização.
 

Comentários

  1. Muito boas e interessantes as informações.
    Sou admirador da Maria Creuza desde 1980.
    Tenho quase todos LPs dela e autografados.
    Em agosto 2013 reencontrei com Maria Creuza em Belo Horizonte após seu show.
    Abraços,
    www.flickr.com/cardimfotografo

    ResponderExcluir
  2. Voltando para reler tantas informações ótimas.

    ResponderExcluir

Postar um comentário